Redação SI 04/04/2002 A leptospirose é uma doença infecciosa, caracterizada, principalmente, por transtornos reprodutivos, tais como abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos, que dificilmente sobrevivem.
A doença é causada por uma espiroqueta aeróbica. Atualmente, existem identificados 23 sorogrupos da Leptospira interrogans, onde estão agrupados os diferentes sorotipos. Os mais comumentes encontrados infectando suínos e causando transtornos reprodutivos são os sorotipos L. pomona, L. icterohaemorrhagiae, L. tarassovi, L. canicola, L. gryppotyphosa, L. bratislava e L. muenchen (ACHA & SZYFRES, 1986). A leptospirose é uma importante causa de prejuízo em rebanhos de reprodução e ocorre em suínos de todas as partes do mundo, no entanto, o impacto econômico da doença está restrito a criações industriais do hemisfério Norte, Nova Zelândia, Argentina e Brasil (LEMAN et al., 1992).
A urina de um suíno infectado pode eliminar grande quantidade de leptospiras entre 30 e 60 dias após a infecção, disseminando rapidamente o agente numa granja. Os portadores podem eliminar leptospiras intermitentemente, até vários meses após a infecção (SOBESTIANSKY et al., 1999).
Segundo SOBESTIANSKY et al (1999), os suínos são considerados reservatórios de leptospiras, inclusive para outras espécies e para o homem devido às seguintes peculiaridades:
– Quando infectados, apresentam prolongado período de leptospiremia, que não é acompanhado de sintomas;
– A urina, aos 20-30 dias após a infecção, contém alto título de leptospiras viáveis;
– Podem eliminar leptospiras na urina por período superior a um ano.
Roedores e animais silvestres atuam como portadores de leptospiras. Os ratos, que podem excretar leptospiras vivas pela urina, são uma freqüente fonte de infecção tanto para o suíno como para o homem. Os suínos se infectam através do contato com água ou alimentos contaminados, com urina, fetos abortados e descargas uterinas de animais portadores. A infecção pode ocorrer por via oral, venérea, através da pele lesada , por via conjuntiva ou através das mucosas (STRAW et al., 1999).
Nos suínos, a maioria das infecções é subclínica. Dois grupos de suínos podem apresentar sinais clínicos: leitões jovens e porcas em gestação. Animais com a doença na forma aguda apresentam prostração, anorexia e elevação da temperatura corporal. Os suínos se recuperam espontaneamente em uma ou duas semanas. Estes sintomas podem passar sem serem percebidos nas granjas. Em casos crônicos, a leptospirose causa transtornos reprodutivos como abortos natimortos ou leitões nascidos com pouca viabilidade, retorno ao cio nas primeiras semanas de gestação e infertilidade. Essas complicações reprodutivas ocorrem devido à infecção dos fetos na fase de leptospiremia na fêmea.
A leptospirose é uma importante zoonose ocupacional, especialmente para produtores e pessoas que trabalham diretamente no abate de suínos. Durante o período de leptospiremia, o humano apresenta febre, mialgias, conjuntivite, rigidez da nuca, náusea e vômito. Podem ser observadas petéquias na pele, hemorragias gastrointestinais, hepatomegalia e icterícia.