Redação AI (07/07/06)- O Brasil voltou a registrar foco de Newcastle doença viral altamente contagiosa que acomete aves comerciais e outras espécies aviárias depois de cinco anos sem registros de focos em território nacional. A confirmação da doença em frangos criados em uma pequena propriedade localizada no município de Vale Real (RS), a 90 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi anunciada ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e deixou em alerta as autoridades sanitárias de Mato Grosso do Sul
O diretor presidente da Iagro/MS (Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), João Cavalléro, afirma que, inicialmente, não serão adotadas medidas em Mato Grosso do Sul em função do surgimento da doença no Sul do País. “Não há justificativa técnica para adotarmos medidas restritivas”, disse Cavalléro ao lembrar que o órgão realizará reunião para discutir o aparecimento da doença no RS.
Ele comentou ainda que as ações sanitárias realizadas na região do foco foram adotadas e esclarecidas pelo Ministério da Agricultura e que o fluxo de operações comerciais entre MS e RS, envolvendo aves, é muito pequeno, o que praticamente anula a possibilidade de a doença chegar ao Estado.
De acordo com o superintendente federal de Agricultura, José Felício, a doença poderá impactar a atividade avícola de Mato Grosso do Sul, caso os principais países compradores do frango brasileiro anunciem restrições ao produto, em decorrência do foco no Rio Grande do Sul. “É cedo para avaliarmos o impacto da confirmação da doença no mercado. Mas, até o momento, nenhum país impôs veto aos frangos brasileiros”, frisou Felício.
Representantes da avicultura brasileira esperam que a transparência e a agilidade das ações sanitárias realizadas no Sul do País e o fato de a propriedade foco não vender a frigoríficos e não integrar a cadeia produtiva do setor industrial possam levar os mercados compradores a manter as compras de frango do Brasil, o que não causaria danos ao setor produtivo.
Desde fevereiro, a avicultura comercial brasileira enfrenta forte crise gerada pelo temor da gripe aviária, que causou excedente de frango no mercado interno, em decorrência das restrições internacionais ao produto, e derrubou os ganhos dos produtores e das indústrias no País. Agora a confirmação do foco de Newcastle volta a causar instabilidade no setor, uma vez que o reaparecimento da doença pode colocar em risco os mercados internacionais do frango brasileiro. “Não sabemos se a doença vai atrapalhar a recuperação vivenciada pelo setor”, disse Felício.
Providências
O foco
O proprietário da fazenda onde 16 frangos morreram com a Newcastle (das 44 aves criados em regime de subsistência) notificou a suspeita da doença à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul no dia 4 de maio. O Serviço de Defesa Sanitária Animal daquele Estado realizou ações de inspeção, interdição e coleta de amostra das aves da propriedade no mesmo dia. Os técnicos sacrificaram todos os frangos. A última ocorrência de Newcastle no Brasil foi registrada em 2001, no município de Nova Roma, em Goiás.
Para exportadores não haverá maior impacto
O primeiro caso da doença de Newcastle registrado numa pequena cidade gaúcha não deve causar impacto nas exportações brasileiras, segundo a Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango), já que o Governo adotou as medidas necessárias para evitar que a doença se espalhe.
A associação afirma, entretanto, que a ocorrência do foco mostra a necessidade de liberação de recursos “em caráter emergencial” para a prevenção da gripe aviária e para o controle da doença de Newcastle.
Segundo a Abef, o País exportou US$ 3,5 bilhões em frango para 150 países em 2005, um crescimento de 35% em relação ao ano anterior. Em 2006, entretanto, as exportações de frango já vinham registrando queda devido à gripe aviária, que reduziu o consumo do produto principalmente em países já atingidos pela doença.
O ministro Luiz Carlos Guedes Pinto (Agricultura) enviou especialistas em doenças de aves à região para acompanhar as ações de vigilância adotadas pela Secretaria de Agricultura e pela Superintendência Federal de Agricultura no Rio Grande do Sul.
O Ministério da Agricultura informou que sacrificou animais da propriedade e vai manter a área em quarentena, além de controlar o movimento de aves dentro do País