Redação AI 04/04/2005 – A proposta de criar circuitos avícolas no Brasil – como já existe para a pecuária – ainda deve demorar de um ano e meio a dois anos para se tornar realidade. Mas, enquanto a regionalização não entra em vigor, o Ministério da Agricultura está implementando medidas que visam evitar prejuízo econômico para o país no caso do eventual surgimento de enfermidades no plantel, como a influenza aviária ou a doença de Newcastle.
Uma das medidas, já em vigor, é a criação de um cadastro nacional da avicultura, com informações sobre todas as granjas avícolas do país, informa o gerente do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério, Egon Vieira da Silva. Segundo ele, o Ministério utilizará a tecnologia de GPS (Global Positioning System) para localização das unidades, e as informações serão colocadas num mapa, que vai permitir o rastreamento das granjas em caso de problemas.
Outra medida, que ainda depende de portaria a ser publicada, prevê a restrição do trânsito de aves de descarte, como galinhas mais velhas, tanto as provenientes da avicultura de corte quanto as de postura. Silva observa que a comercialização dessas aves vivas é comum em feiras e mercados de algumas regiões do país. Essa forma de comercialização não é considerada segura, pois há circulação intensa, o que poderia facilitar a disseminação de doenças.
Na recente epidemia de influenza aviária na Ásia, um dos motivos para a grande disseminação da doença foi justamente esse tipo de comércio. Conforme Silva, a minuta da portaria – que prevê que as aves de descarte não poderão sair de um Estado para outro – deve ir à consulta pública em maio.
Na proposta de regionalização, feita em conjunto por Abef (exportadores de frango), União Brasileira de Avicultura e Ministério, o trânsito de aves comerciais seria restrito no caso da ocorrência de doenças como influenza, newcastle, salmonelas e micoplasmas. Aves de reprodução poderiam circular desde que certificadas como livres dessas enfermidades pelo Ministério. “A proposta tem viés econômico. Se ocorrerem problemas num Estados, os outros estão protegidos”, comenta Silva.
Um episódio que precipitou a proposta de regionalização para as aves foi o embargo da Rússia às carnes brasileiras por conta de casos de aftosa no Norte do país, admite o novo presidente da Abef, José Augusto Lima de Sá. Assim, o objetivo com a regionalização é evitar um eventual embargo ao frango brasileiro caso surjam doenças nos plantéis.
Silva, do PNSA, avalia que a regionalização deve levar até dois anos para ser implantada. O motivo é que a medida implica reestruturação de serviços de defesa animal nos Estados e também mudanças em nível federal. Em resumo, será necessário ampliar o programa de vigilância, o que significa necessidade de mais dinheiro. A iniciativa privada também contribuiria com recursos.
O Brasil é livre de influenza aviária, mas se a doença vier a ocorrer, o país recorrerá ao sacrifício e destruição de aves mortas, afirma Egon Silva. E se houver um descontrole da enfermidade, o Ministério pode vacinar as aves contra influenza.
Além das implicações econômicas da influenza aviária, a doença também fez surgir o medo de uma pandemia, já que infectou e matou humanos na Ásia. Por conta disso, a Organização Mundial de Saúde está recomendando a vacinação contra gripe de pessoas que têm contato com aves. O temor é que a cepa da influenza que causa a gripe humana sofra mutação num eventual contato com o vírus da influenza aviária e torne-se incontrolável . Por isso o Ministério da Saúde vai vacinar, este mês, trabalhadores do setor. “Os vírus da gripe humana [H1, H2 e H3] podem ser recombinar com os da influenza aviária [H5, H7 e H9]”, explicou Egon Silva.