Em muitos países, os primeiros surtos apareceram desta maneira, numa forma de baixa letalidade. Com o tempo (que pode chegar a um ano), o vírus se multiplicou, espalhou-se e, pior, mutou para a forma mais virulenta e mais difícil de ser controlada. É preciso ter esta situação em mente e trabalhar com toda a estrutura de vigilância e diagnóstico avícola disponível no país. Refiro-me, aqui, à ampliação da rede oficial, credenciando laboratórios privados, inclusive os das empresas produtoras, universidades e institutos de pesquisa para o alerta inicial. Chamo isto de “rede de radares”. Para este caso, o governo produziria ou importaria antígenos e os distribuiria inativados aos laboratórios mencionados. Estes submeteriam o soro sanguíneo de lotes de aves com sintomas respiratórios e sem diagnóstico preciso, a testes de HI (preferível) para os sorotipos mais prevalentes, ou AGP, para detecção de grupo.
Estes testes não apresentam riscos de escape de vírus, são rápidos, não exigem equipamentos sofisticados, são realizados rotineiramente para outras doenças avícolas, apresentam baixo custo e detectam se a ave está infectada pelo vírus através da pesquisa de anticorpos. Há falhas de detecção no teste, como falsos-negativos, mas, mesmo assim, é melhor que usar apenas os aspectos clínicos, sintomas e lesões.
A comunicação de suspeita sem muita fundamentação, gerando notificação com a aplicação das medidas previstas que são severas poderia levar à sonegação de notificações e deixar o inimigo entrar e se instalar livremente. Assim falhou a Alemanha durante a Segunda Grande Guerra na detecção da entrada das tropas aliadas na costa Francesa e perdeu a guerra.
Edir Nepomuceno da Silva 20/10/2005
Professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
Diretor da Facta (Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas)