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Os anticorpos maternos e a proteção contra Doença de Gumboro - Por Eva Hunka

Os anticorpos maternos tem um papel fundamental na imunização contra a doença de Gumboro e os seus efeitos sobre o programa vacinal utilizado

Eva Hunka, Médica Veterinária, MSc em Medicina Veterinária PreventivaOs anticorpos maternos tem um papel fundamental na imunização contra a doença de Gumboro e os seus efeitos sobre o programa vacinal utilizado ou até mesmo sobre os desafios de campo podem variar de acordo com diversos fatores, já que o nível deles na prole, na maioria das vezes, é muito desigual.

Nos pintinhos, os anticorpos maternais diminuem de acordo com a vida média dos mesmos, que é o tempo necessário para a quantidade de anticorpos ser reduzida a metade. No caso de frangos de corte, este tempo é de aproximadamente 4 dias. Estes protegem os pintinhos contra infecções precoces do vírus de Gumboro, porém podem interferir e bloquear o estímulo da imunidade ativa das vacinas vivas.

No caso de lotes com boa uniformidade de anticorpos maternos, seria possível imunizar a prole de forma eficiente com uma única dose de vacina viva, porém esta não é a realidade na granja, já que nos incubatórios podemos ter lotes provenientes de matrizes de diferentes idades ou mesmo com diferentes programas vacinais, além das características de cada linhagem.

Devido a isto, quando usamos um programa convencional é comum que a aves recebam duas ou mais doses de vacina viva para que o lote seja imunizado por completo, já que apenas uma parte do lote está preparada para receber a vacinação em cada uma das datas previstas.

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No caso de desafios por cepas muito virulentas, ou mesmo uma alta carga viral no campo, os vírus conseguem ultrapassar os anticorpos maternos e para combatê-los recomendamos uma vacinação precoce, com início do programa ainda no incubatório. E isto, o grau de desafio, aparece como mais uma variável na hora da definição do programa vacinal.

Na tentativa de melhorar o manejo vacinal contra a Doença de Gumboro, temos algumas opções no mercado que são as vacinas vetorizadas e as vacinas de imunocomplexo. Apesar de ambas serem utilizadas no incubatório em dose única, o mecanismo de ação delas são distintos, e devem ser conhecidos antes da escolha do programa.

As vacinas vetorizadas, não sofrem interferência dos anticorpos maternos, já que não possuem o vírus vivo. A proteção da ave ocorre por volta do sétimo dia, então para um lote que enfrenta desafios precoces com cepas muito virulentas e em aves com baixos anticorpos maternos, esta talvez não seja a melhor opção para a proteção do lote.

Já as vacinas de imunocomplexo, dependem dos níveis de anticorpos para iniciar a sua replicação no animal, sendo assim em aves com baixos níveis de anticorpos, o início da replicação acontece mais cedo e a colonização precoce da bolsa com o vírus vacinal impede que o vírus de campo se hospede no órgão. Porém devemos lembrar que mesmo cepas vacinais causam algum tipo de lesão à bolsa, por isso a escolha da cepa a ser utilizada é de suma importância.

Sabendo que não existe uma vacina perfeita, e que o programa vacinal ideal é aquele que se adequa a realidade da sua granja, podemos lançar mão da rotação de programas, alternando vacinas vetorizadas e de imunocomplexo entre os ciclos. Esta prática promove que a cama seja povoada com uma cepa vacinal diminuindo a pressão de desafio na granja.

A proteção do pintinho começa na Matriz, e para a imunização contra doença de Gumboro no frango de corte, não podemos esquecer-nos de adequar os programas vacinais. Uma Matriz bem imunizada, principalmente contra as doenças imunossupressoras como Anemia Infecciosa, Reovirus e Gumboro, é o primeiro passo para um lote bem protegido!