Redação AI (30/03/06)- O pânico dos consumidores em relação à gripe aviária, que derrubou a demanda por carne de frango em vários países, dá sinais de arrefecimento. De acordo com Vincenzo Mastrogiácomo, diretor industrial da Aurora, os consumidores “começam a entender que as mortes de aves em outros países não têm nenhuma relação com a produção tecnificada do Brasil”.
Ele afirmou que representantes da empresa estiveram recentemente no Japão – o principal cliente da cooperativa no exterior – e perceberam uma “mudança” no cenário de comoção que havia anteriormente em relação ao consumo de frango no país.
José Augusto Lima de Sá, diretor de exportações da Sadia, enxerga o mesmo horizonte. “Não é nada para dizer que a situação esteja tranqüila, porque ainda não está. Mas o que parece ter acabado é aquela histeria coletiva”, disse o executivo.
Apesar de otimistas pela diminuição da histeria, as empresas adotaram uma estratégia de redução de estoques caso haja maior queda no consumo. Mastrogiácomo, que prevê um recuo brusco da demanda em abril, em virtude do fim dos contratos fechados para os primeiros meses do ano, disse que a Aurora reduziu em até 17% os abates e deu férias coletivas em um turno na unidade de Quilombo (SC). A paralisação irá reduzir em 40 mil o abate diário, um terço da capacidade atual da indústria.
Mastrogiácomo admite que, dependendo da situação, as férias coletivas podem durar 20 dias – a previsão anterior era de 10 dias. “Mas não pensamos em demissões porque encaramos essa crise como temporária”.
Já a Sadia começou a reduzir os alojamentos de matrizes de corte em janeiro, conforme Lima de Sá. “Já reduzimos em outras ocasiões. A diferença é que desta vez coincidiu uma superprodução com uma queda brusca no consumo”, observou Lima de Sá.
Apesar do cenário incerto no mercado externo, a Sadia anunciou na semana passada o investimento de US$ 70 milhões em uma fábrica na Rússia, em parceria com a Miratorg, distribuidora de carnes da empresa no país. Segundo Lima de Sá, a operação visa a entrada no mercado a varejo do país. A Rússia foi escolhida, afirmou, por ser predominantemente importadora. “Ali teremos possibilidade de consumo satisfatório e uma razoável produção”. Conforme Lima de Sá, a Sadia pretende reduzir a distância entre a empresa e o comprador do varejo em mercados internacionais. De acordo com ele, mercados potenciais como Índia, Paquistão, Egito, Nigéria e mesmo EUA só poderão ser atendidos se a empresa conhecer o consumidor-alvo.