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Por causa da aftosa

<p>Insatisfeita, UE convoca reunião com Brasil.</p>

Da Redação 09/12/2005 – A União Européia resolveu convocar uma reunião com técnicos do Ministério da Agricultura brasileiro na próxima semana, em Bruxelas, para discutir o controle de febre aftosa no Brasil, antes de decidir o futuro do embargo que impõe atualmente à carne bovina nacional. O Comitê Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Alimentar, que se reuniu ontem, deve voltar a se reunir no dia 20.

A UE considera insatisfatórias as informações dadas pelo Brasil sobre o controle da aftosa, principalmente após o ressurgimento da doença, em outubro, no Mato Grosso do Sul. A maior queixa européia é de que o sistema de rastreabilidade brasileiro não é confiável. Além disso, a UE suspeita que o governo não tem o controle total sobre o que está ocorrendo.

Após os focos de aftosa no Mato Grosso do Sul, a UE suspendeu as compras de carne bovina do Estado, além do Paraná e de São Paulo. O porta-voz europeu Philip Tod deixou claro que não está descartada uma ampliação do embargo a todo o território brasileiro, se houver foco em outros Estados. Ontem, o Comitê decidiu manter o bloqueio aos três Estados. “A situação continua preocupante no Brasil e se houver novos focos em outros Estados, seremos obrigados a bloquear, pois temos mandato para agir”, reiterou o porta-voz.

A rastreabilidade é uma questão importante para os europeus, que querem garantias de que existem barreiras entre um estado e outro e que o país sabe onde está cada cabeça de gado e para onde vai.

Se o Ministério não conseguir comprovar que tem a situação sob controle no Mato Grosso do Sul e no Paraná, e os europeus não ficarem satisfeitos com as garantias brasileiras sobre rastreabilidade, a Comissão Européia vai ter que lidar com as pressões de estados-membros para fechar o mercado à carne bovina do Brasil.

A França está entre os países que querem barrar a importação do produto brasileiro, oficialmente alegando que o Brasil não considera o princípio da regionalização na UE. É que, por conta de uma enfermidade em suínos selvagens na França, o Brasil não deixa entrar carne suína francesa em seu mercado. Embora os franceses aleguem que essa doença só ocorre numa determinada região, Brasília proíbe todo o país.

Uma reunião técnica com a UE foi proposta há duas semanas pelo Ministério da Agricultura. Mas os europeus preferiram antes receber informações. Enviaram inúmeras questões. No entanto, segundo fontes próximas à Comissão Européia, os europeus criticaram as informações dadas pelo Ministério da Agricultura somente anteontem, considerando-as “escassas, confusas e insuficientes”. Segundo um técnico, “há uma percepção de falta de transparência sobre o que acontece no Brasil”.

Além de questões sobre a aftosa no Paraná, a UE também não teria ficado satisfeita com as informações fornecidas a respeito da doença que atingiu frangos em Jaraguari (MS), este ano. Segundo o Ministério, uma granja local registrou um foco de um vírus não-patogênico da doença de Newcastle.