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Por que vacinar Frangos de Corte contra a Pneumovirose aviária - por Eva Hunka

Eva Hunka é Médica Veterinária, MSc Medicina Veterinária Preventiva

Por que vacinar Frangos de Corte contra a Pneumovirose aviária - por Eva Hunka

A Pneumvirose Aviária é causada pelo Metapneumivirus, um vírus da família Paramyxoviridae que possui 4 subtipos (A, B, C e D), destes apenas os subtipos A e B estão envolvidos nas formas clinicas da doença, sendo o A o mais prevalente no Brasil.

Mais conhecida como Sindrome da Cabeça Inchada, recebe o nome de “síndrome”, pois necessita de diferentes fatores para a exacerbação dos sinais clínicos, destes podemos citar problemas de manejo, ambiência e também a ocorrência de outras doenças virais ou bacterianas. Sendo assim, podemos considerar o Pneumovirus como um “gatilho” para o aparecimento dos sintomas.

Em frangos de corte, costuma apresentar sinais respiratórios no trato superior, e estes, costumam se agravar no caso de infecções intercorrentes ou secundárias, principalmente por E. coli ou infecções simultâneas pelo vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas. Como o vírus é carreado pelo ar, muitas vezes ligado às partículas de poeira, é comum que os sinais não apareçam uniformemente em todo galpão, dando a impressão que a doença esta “caminhando” dentro do lote.

'"Para esta enfermidade é imprescindível que o trato respiratório seja colonizado com o vírus vacinal antes da cepa de campo"Os sinais clínicos, que são facilmente confundidos com outras doenças respiratórias, aparecem após os 20 dias de idade e os anticorpos são detectados na sorologia apenas  4 semanas após a infecção, dificultando o diagnóstico preciso para estas aves. Esta ausência de diagnóstico sorológico faz com que os produtores não acreditem na Pneumovirose como causa de problemas na granja e acabem por subestimar a presença do agente na propriedade.

A vacinação em frangos de corte é definida a partir dos sinais clínicos e a efetividade da mesma também deve ser comprovada da mesma forma, já que os níveis de anticorpos detectáveis na sorologia ocorrem tardiamente, mesmo em aves protegidas.

Para esta enfermidade é imprescindível que o trato respiratório seja colonizado com o vírus vacinal antes da cepa de campo, pois a imunidade local e celular são as mais importantes para a proteção da ave. A vacinação no primeiro dia de vida da ave estimula a imunidade do trato respiratório superior e não sofre interferência significativa dos anticorpos maternos.

Em alguns casos podemos observar a ocorrência de reação pós-vacinal, na maioria dos casos, ligadas a outros problemas respiratórios pré-existentes. Para minimizar estas reações, recomendamos a aplicação por aspersão com gota grossa, esta técnica evita que as partículas vacinais cheguem ao trato respiratório inferior e produzem o efeito “preening” aumentando a eficiência da vacinação nas aves.

A grande maioria das vacinas comercializadas, independente do subtipo ou origem da cepa, não devem ser utilizadas em conjunto com outras vacinas respiratórias, como Bronquite ou NewCastle, no primeiro dia de vida do pintinho, e isto possibilita a entrada do vírus de campo previamente à vacina, causando uma sensação de ineficiência ou de que a vacina não teve o resultado esperado. Para estes casos existe no mercado uma vacina heteróloga (cepa origem: Peru), que pode ser utilizada no primeiro dia, mesmo em conjunto com outras vacinas respiratórias. A escolha da cepa vacinal é fundamental para o sucesso da vacinação na granja.

O diagnóstico apenas presuntivo, muitas vezes confirmado pelo sucesso após a introdução da vacina na granja, dificulta a manutenção do programa vacinal de forma perene, pois a ausência de comprovação laboratorial faz com que o produtor enxergue a vacina apenas como um custo adicional e decida por retirá-la do programa, e esta prática dificulta ainda mais o controle do agente.

Conhecendo mais sobre as particularidades desta enfermidade em frangos de corte, o Médico Veterinário pode orientar os produtores de maneira adequada, além de fazer as escolhas certas na hora de definir o programa vacinal.

Como sempre digo: Não existe uma vacina perfeita, existe a vacina que se adequa à realidade da granja!