Redação SI 06/11/2002 – Biotecnologia a serviço da vida. Com este ideal, cientistas italianos, manipulando esperma suíno, criaram uma linhagem de porcos carregando genes humanos em seus corações, fígados e rins, cuja finalidade é a criação de rebanhos com o objetivo de fornecer órgãos para transplantes em humanos.
A técnica, conhecida como xenotransplante, tem sido rejeitada, uma vez que o sistema imunológico humano freqüentemente identifica o órgão suíno como um invasor e o destrói.
Em um estudo divulgado na revista “PNAS”, pesquisadores da Universidade de Milão informaram que eles misturaram esperma suíno com DNA humano para transferir um gene humano conhecido como “human decay accelerating factor” (hDAF, na sigla em inglês). Pesquisas anteriores mostraram que a hDAF pode ajudar a evitar a rejeição dos órgãos de porcos implantados em primatas não-humanos.
Autora do estudo, Marialuisa Lavitrano, pesquisadora da Universidade de Milão, disse que testes nos animais mostraram que os genes humanos estavam presentes nos órgãos centrais dos animais e que poderiam ser transmitidos para as próximas gerações de porcos.
A maioria dos porcos obtidos a partir dos espermatozóides modificados carregava o hDAF, relatam os pesquisadores, e a maior parte dos animais podia usar o gene para produzir a proteína necessária para bloquear a reação do sistema imune humano a um órgão novo. Experimentos em laboratório revelaram que as células suínas com hDAF estavam protegidas do ataque pelo sistema imune humano, ao contrário das células sem o gene humano, que foram destruídas.
Seres humanos ainda não podem receber os órgãos dos animais porque estes ainda têm genes de porcos que poderiam causar uma rejeição rapidamente, disse Lavitrano. Mas ela acrescenta que a técnica mostrada é uma possibilidade de desenvolver animais com órgãos que não sejam rejeitados pelo corpo humano.
A nova técnica mostrou que se o DNA for modificado no esperma do porco e não no óvulo, as chances de rejeição do órgão diminuem, conclui Marialuisa Lavitrano.
As informações são da ANBio (Associação Nacional de Biossegurança).