Redação (26/10/06) – A condição privilegiada é resultado do programa de erradicação da doença, iniciado em 2000 e que congregou os governos federal e estadual, empresas públicas, agroindústrias e produtores de suínos. “O último surto de Aujeszky foi registrado em julho de 2004. Estamos no caminho para transformar o Estado em área livre sem vacinação”, explicou Janice Ciacci Zanella, integrante do comitê técnico do programa e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O programa também mudou a postura dos produtores. O principal cuidado para o controle da doença da Aujeszky é em relação à procedência dos animais. Depois do programa, os suinocultores catarinenses passaram a comprar animais somente de granjas que possuem certificado de rebanho livre de Aujeszki. Por parte da pesquisa, o programa também deu uma contribuição importante. A Embrapa está desenvolvendo o primeiro kit nacional de diagnóstico da doença, que deve ficar pronto em 2007. O kit permitirá um controle mais eficiente e mais barato da doença, facilitando a criação de programas de erradicação em outros estados.
A doença de Aujesky é temida por suinocultores do mundo inteiro pelos impactos econômicos que provoca. Transmitida por um vírus, a moléstia se espalha rapidamente pelo rebanho e ocasiona, principalmente, problemas reprodutivos nas fêmeas e morte de leitões por problemas respiratórios ou nervosos. Apesar de ser uma doença que provoca restrições internacionais para o comércio da carne produzida em áreas que registram focos, não há nenhum risco para o consumidor, já que o vírus não é transmitido para o ser humano.
O Programa de Erradicação da Doença de Aujeszky em Santa Catarina investiu R$ 11 milhões para examinar todas as propriedades que criam suínos no Estado, abater os animais infectados, indenizar os produtores e aplicar vacinas preventivas. O dinheiro gasto no programa é bem menor do que o prejuízo provocado pela doença. Nossa estimativa era de que somente a perda de animais provocada pelo vírus de Aujeszky retirava R$ 1 milhão por ano da cadeia produtiva de suínos no Estado, afirmou Janice Zanella.
Da experiência catarinense surgiu o Plano Nacional de Controle da Doença de Aujeszki, coordenado pelo Ministério da Agricultura e atualmente disponível para consulta pública. Em breve, o plano estará à disposição de todos os estados que também desejam atingir a condição de área livre de Aujeszky. “Nosso trabalho serve de modelo tanto do ponto de vista da mobilização quanto do da intervenção técnica. Conseguimos reunir todas as forças da cadeia produtiva num mesmo propósito”, ressaltou Janice Zanella.