O fiscal agropecuário, Abel Ricieri Guareschi, explicou como está formatado o plano estadual de controle e de erradicação para a Doença de Aujeszky |
Redação SI 29/11/2005 – Em oito meses, entrará em vigor a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura (Mapa) que aprova as Normas para o Controle e a Erradicação da Doença de Aujeszky (DA) e o Plano de Contingência. A previsão foi feita pelo fiscal agropecuário do Mapa, Abel Ricieri Guareschi, durante o Seminário Anual de Suinocultura de Mato Grosso, que ocorreu nos dias 24 e 25 de novembro, em Cuiabá (MT). A adesão dos estados será voluntária, explica Guareschi. Ainda assim, ele acredita que há estímulos à implantação do programa pelas unidades da federação. “Isso porque a certificação do Mapa de livre de Aujeszky será um diferencial aos estados, em casos de negociações comerciais”.
A normatização é a primeira no País a estabelecer regras de controle e erradicação da doença e, orienta, passo a passo, as ações a serem tomadas pelo serviço veterinário oficial no caso de surgimento de focos. “Antes, os Estados não tinham normas padrões a seguir quando se deparavam com um foco, e isso tornava o controle moroso”, explica Guareschi.
A doença de Aujeszky é considerada risco para toda produção suinícola do País e, nos últimos cinco anos, já foi encontrada em plantéis de vários estados criadores, como Rio Grande do Sul e Goiás, conforme cita Guareschi. “Caso venha contaminar nossos plantéis tecnificados, a doença pode gerar embargos comerciais ao Brasil”, alerta o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso, Raulino Teixeira Machado.
Esse programa brasileiro de controle e erradicação da doença de Aujeszky foi elaborado pelo corpo técnico do Mapa com base nos programas similares já existentes em outros países, como Holanda, Espanha, Austrália, Argentina e Estados Unidos. “Até então, as legislações que dispúnhamos sobre Aujezky tratavam de reconhecimento de vacinas e de granjas livres. Não tínhamos um plano técnico para controlar e erradicar a doença”, pondera Guareschi.
Os serviços oficiais de sanidade e o setor criador nos estados também participaram das discussões sobre a normatização. “Temos neste momento a conclusão do conteúdo técnico desse Programa, faltando agora o trâmite jurídico e a disposição do texto para consulta pública, o que demandará entre seis a oito meses”, explica o representante do Mapa.
Após a entrada em vigor da normatização, o estado que tiver interesse em participar, deve solicitar ao Ministério a realização de um inquérito soroepidemiológico para o conhecimento da situação epidemiológica local em relação a DA. De posse desses resultados, o estado irá propor a estratégia de atuação mais adequada.
Porém, detalha Abel, para implantar esse Plano Estadual, algumas condições específicas devem ser atendidas pelo Estado, como a existência de um comitê estadual de sanidade suídea atuante, de fundos públicos ou privados para financiamento do Plano e indenização de proprietários de suídeos atingidos pelas medidas sanitárias e existência de laboratório público no próprio estado ou região apto a ser credenciado pelo Ministério para a realização dos exames sorológicos e virológicos. “O setor em Mato Grosso já se decidiu por aderir ao programa. Estamos apenas aguardando a entrada em vigor da Normatização Federal para elaborarmos o plano de Mato Grosso”, avisa o gerente do Programa de Sanidade Suídea do Instituto de Defesa Animal (Indea), Hugo Varjão.
DA – A doença é causada por um herpesvírus que tem como importante característica capacidade de permanecer em estado de latência, condição esta que torna o animal uma fonte de disseminação viral durante toda a vida. No entanto, o vírus é pouco resistente às condições do meio, principalmente ao clima quente. Na água sobrevive quatro dias (não clorada) e dois dias (em lagoas). A transmissão pode ocorrer por secreção oro-nasal, água, ração e cama contaminados, mucosa vaginal ou prepucial, de forma transplacentária, pelo sêmen e pelo leite.
O vírus possui uma ampla variedade de hospedeiros, porém, os suídeos são os únicos naturais. Animais silvestres podem estar infectados e servir de reservatório. A DA é caracterizada por alta mortalidade na maternidade, abortos e porcentagem variável de animais com sinais nervosos e respiratórios na creche, recria, terminação e gestação.
A vacinação massal reduz a incidência da doença, reduz e previne sinais clínicos, diminui a invasão dos tecidos e a infecção latente, reduz o impacto econômico da doença, porém, não impede a infecção.
Os sinais clínicos dependem da faixa etária dos suínos afetados, do grau de exposição (segregação do rebanho), da dose viral infectante, da cepa viral e da imunidade do plantel. Entre os sinais clínicos, está a rápida e elevada mortalidade de lactentes com sinais nervosos (ataxia, convulsões), refugagem em creche e crescimento (forma combinada), doença respiratória febril em adultos (tosse severa) com alta morbidade e anorexia. Também ocorrem aborto e outros problemas reprodutivos em fêmeas em gestação.