Na última semana, a publicação gaúcha “Zero Hora” informou que representantes do agronegócio do Rio Grande do Sul estavam, mais uma vez, discutindo a eliminação da vacinação contra a febre aftosa no Estado. Com o status sanitário gaúcho elevado, seria mais fácil abrir novos mercados para a carne “in natura” gaúcha, beneficiando os setores de aves, suínos e bovinos. “Ser “livre sem” é uma meta nossa. Teríamos de avaliar um controle de fronteira mais rigoroso”, disse ao jornal Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do RS.
Apesar de animar o setor cárneo, o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, é mais cauleloso. Ele acredita que antes de declarar o Estado “livre de aftosa sem vacinação”, é necessário um estudo minucioso, com discussões envolvendo todos os representantes do setor. “Temos que colocar na balança os pontos positivos e negativos”, diz. “E precisamos fazer uma análise completa da infraestrutura do RS”.
Para Folador, é claro que a elevação do status sanitário gaúcho permitiria a abertura de mercados importantes e mais exigentes para a carne suína, como a União Europeia. Entretanto, ele pondera que, hoje, o Estado não possui estrutura suficiente para isso. “Precisamos investir, primeiramente, na infraestrutura do Rio Grande do Sul, avaliar os mecanismos de controle e fiscalização de fronteiras e então definir se podemos eliminar a vacinação contra aftosa”.
De acordo com as informações do Zero Hora, o Rio Grande do Sul chegou a interromper a imunização em abril de 2000, manteve a decisão apesar de focos no município de Jóia, quando animais infectados foram abatidos, e retomou a vacinação em 2001, após novos casos da doença. “Precisamos estar 100% seguros para introduzir este status, para não nos arrependermos depois”, conclui Folador.
Atualmente, Santa Catarina é o único Estado brasileiro tem o status de livre de aftosa sem vacinação.