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Rotaviroses em criações de suínos

<p>Confira artigo do pesquisador científico Fábio Gregori do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal.</p>

Redação (26/10/06) – As diarréias em animais representam uma das principais causas de morbi-mortalidade do período neonatal, caracterizada como uma síndrome de grande complexidade etiológica, que conta com a influência de alterações ambientais, manejo, fatores nutricionais e fisiológicos, os quais cooperam para o agravamento dos quadros, acarretando graves prejuízos à exploração econômica racional dos animais de produção, tanto pela diminuição na produtividade como em termos de custos com tratamentos.

Em suínos, por exemplo, vários agentes infecciosos podem estar envolvidos na etiologia das diarréias; entretanto, estão mais comumente associados ao processo infeccioso os rotavírus, Escherichia coli enterotoxigênica, Isospora suis, Eimeria spp e Cryptosporidium sp.
Em relação aos agentes virais, merece destaque o gênero Rotavirus, dada a sua ocorrência, variações antigênicas e potencial zoonótico.
As infecções por rotavírus já foram assinaladas em diversas propriedades de criação de animais no Brasil, particularmente em suínos, demonstrando que esse agente está bastante disseminado.
Com relação à sintomatologia clínica apresentada pelos animais infectados pelos rotavírus, os sinais incluem diarréia, prostração, anorexia, febre e desidratação, o que ocorre principalmente nas primeiras quatro semanas de vida do animal, com período de incubação variando de 18 a 96 horas. A mortalidade depende da severidade do quadro de diarréia, do grau de desidratação e da associação com outros agentes.

Aspecto de um leitão com quadro clínico de diarréia.

A porta de entrada para a infecção é a via oral, enquanto que as vias de transmissão incluem fezes, água, alimentos contaminados e até mesmo moscas, que funcionam como vetores mecânicos do agente.

As fezes de animais doentes consistem na principal via de transmissão dos rotavírus na suinocultura, o que implica em rigorosa desinfecção das instalações.

O diagnóstico das rotaviroses deve ser direto, dada a elevada prevalência de anticorpos contra os vírus entéricos e pelo fato de não haver associação suficientemente discriminativa entre os títulos séricos de anticorpos e proteção para a enfermidade. Atualmente o Instituto Biológico oferece à comunidade o diagnóstico desta enfermidade através das técnicas de ELISA e PAGE (eletroforese em gel de poliacrilamida).

Com a introdução de técnicas de confinamento, principalmente em bovinocultura de leite e suinocultura, associado a um manejo inadequado de excretas, houve como conseqüência uma ascensão nos níveis de contaminação dos ambientes de criação, que pode levar ao aumento da ocorrência de infecções por rotavírus. Isto torna-se particularmente problemático em criações com pouca ou nenhuma tecnificação.

Apesar de ser um vírus circulante, são muito raras as descrições acerca da caracterização de genotipos de rotavírus envolvidos em surtos de diarréias em criações de suínos no Estado de São Paulo. Sendo a imunidade sorotipo específica é recomendável que os sorotipos ou genotipos G e P circulantes sejam rotineiramente monitorados, para que se atue com mais segurança na imunoprofilaxia da infecção.
Além disso, a caracterização dos rotavírus pode fornecer informações importantes acerca do seu caráter zoonótico e da possibilidade de transmissão interespécies, da ocorrência de infecções mistas e de genotipos atípicos de rotavírus em suínos.

Nesse sentido, os pesquisadores do Laboratório de Doenças de Suínos Washington Sugay, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal do Instituto Biológico estão caracterizando, através de técnicas de Biologia Molecular, as amostras de rotavírus encontradas em criações de baixa tecnificação no Estado de São Paulo, com o intuito de contribuir no entendimento da epidemiologia da doença, sobretudo no que diz respeito à proteção dos suscetíveis através de vacinação.

Fábio Gregori Pesquisador Científico
Vera Letticie de Azevedo Ruiz Pesquisadora Científica
Josete Garcia Bersano Pesquisadora Científica
Tamara Centofanti Bolsista da Iniciação Científica
Laboratório Doenças de Suínos
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal
E-mail:
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