Da Redação 09/01/2003 – A indústria de produtos para saúde animal encerrou 2002 com faturamento de US$ 620 milhões, 2,6% abaixo do resultado de 2001, que alcançou US$ 636,6 milhões. Mau resultado? De maneira nenhuma. As empresas do setor acabam de superar um ano difícil, marcado pela explosiva desvalorização do real frente ao dólar, fator que afeta diretamente os laboratórios já que o País importa matérias-primas e produtos acabados.
Além disso, as indústrias não suspenderam os investimentos. Novos produtos, modernas tecnologias e serviços exclusivos aos produtores marcaram o ano.
Por outro lado, como insumo da cadeia da produção animal e do segmento de animais de estimação e criação de eqüinos, os medicamentos veterinários deram sua contribuição à economia brasileira, não repassando todos os custos relacionados ao fortalecimento do dólar. Apesar de representar no máximo 4% dos custos totais das aves, ovos e carne suína, as indústrias tiveram a sensibilidade de entender os problemas enfrentados por avicultores e suinocultores, especialmente no segundo semestre quando os preços dos grãos – milho e farelo de soja – dispararam, pressionando a rentabilidade das empresas.
Na outra ponta, o setor também contribui para o sucesso das exportações de carnes em 2002. Os recordes da carne bovina, suína e de frangos significam a melhoria da saúde dos plantéis brasileiros, já que é consenso que as questões sanitárias são as novas barreiras não-alfandegárias no mercado internacional.
Em que pese a ocorrência de doenças bovinas do Terceiro Mundo, como brucelose, tuberculose, leptospirose e febre aftosa, são incontestes os avanços na prevenção. Em 2002, brucelose e tuberculose foram incluídas, pela primeira vez, no Plano Agrícola, com verba de R$ 30 milhões. Neste ano, as vendas de vacina contra aftosa bateram recorde de 325 milhões de doses: crescimento de 2,5% sobre 2001, ou 8 milhões de doses a mais. Para 2003, a expectativa é utilizar 349 milhões de doses e a indústria já conta com 49 milhões/doses em estoques. Ainda em relação à aftosa, é preciso mencionar que os laboratórios atenderam à solicitação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e doaram 500 mil doses à Bolívia, para imunização dos rebanhos da fronteira com o Brasil.
Quanto à avicultura, o País é referência mundial, até mesmo em sanidade.
Exportamos para mais de 80 países, cumprindo rigorosamente as exigências sanitárias. Na carne suína, as vendas mais que dobraram em 2002, graças ao intenso trabalho das empresas brasileiras e também porque o suíno brasileiro é de qualidade e criado segundo as normas sanitárias dos importadores. A sanidade dos pequenos animais também tem evoluído ano a ano. Mais produtos, tecnologias de ponta e a certeza de poder encontrar medicamentos para várias doenças de cães e gatos. Estão no País produtos líderes mundiais, cumprindo a missão da indústria de atender com eficácia as necessidades dos animais de companhia.
Para 2003, muitas novidades são esperadas. O setor veterinário está esperando receber um novo regulamento, que substitui o anterior, de 1969, que incorpora boas práticas de produção e moderniza a legislação de registros e a comercialização, além de aprimorar a fiscalização de produtos e estabelecimentos ilegais. Trata-se de uma lei elaborada por técnicos do governo e da indústria durante mais de três anos. Além disso, entra em vigor a selagem dos frascos de vacinas contra raiva dos herbívoros, já definida pela Instrução Normativa 69, do Mapa, que certamente proporcionará muitos benefícios ao controle dessa doença. Também é preciso destacar a segurança alimentar, processo que motiva todos os investimentos em qualidade. Afinal, ter alimentos seguros à mesa é um direito do homem e uma exigência da sociedade moderna. Assim, é um tema que será cada vez mais valorizado na parceria da indústria com criadores e técnicos.
Emilio Carlos Salani é médico veterinário e presidente do Conselho de Administração do Sindicato das Indústrias de Defensivos Animais (Sindan) |