Redação SI (20/03/06)- O termo radicais livres já se tornou popular. A noção que a maior parte da população tem é de que eles causam a degeneração das células e o envelhecimento precoce. Entretanto, o assunto é bem mais complexo e abrangente. A ciência vem se debruçando sobre isso, tanto para entender melhor a atuação e os problemas acarretados pela ação desses fatores, como para elaborar soluções que combatam sua atuação como é o caso do selênio, grande promessa para a saúde animal e humana.
Os radicais livres são espécies reativas do oxigênio (ROS) e de nitrogênio (RNS) que interferem diretamente na regulação do metabolismo das células e nos processos fisiológicos dos seres vivos. Embora a produção de radicais livres seja fundamental para as funções celulares normais, seu excesso pode ser extremamente prejudicial à saúde animal e humana.
Nas células vivas, os ROS e RNS reagem constantemente, perdendo e recebendo elétrons, promovendo reações de oxidação e redução, respectivamente que devem se manter equilibradas. No caso de desequilíbrio ou estresse oxidativo em que predomina a oxidação os radicais livres podem atacar e lesar gravemente o DNA, RNA, proteínas e lipídios nas estruturas celulares, desencadeando a destruição de células e tecidos, gerando a neuro-degeneração do sistema nervoso central, doença cardíaca, complicações fisiológicas e metabólicas associadas ao diabetes, câncer, envelhecimento precoce e até mesmo a morte do animal hospedeiro.
Ainda que o organismo dos seres vivos possua mecanismos de combate à ação oxidante dos radicais livres, como as enzimas (pequenas proteínas), sua ação nem sempre é suficiente. Daí a importância da ciência, ao compensar as deficiências dos seres vivos oferecendo o que a própria natureza disponibiliza: o selênio. É ele que, em sua forma mais original e sem manipulações, estimula ainda mais a ação das enzimas antioxidantes contra a atividade dos radicais livres.
Entretanto, a utilização de algumas formas de selênio pode ser ineficiente ou até mesmo prejudicial às atividades naturais do organismo. As proteínas antioxidantes respondem de forma variada aos estímulos dos diferentes tipos de selênio. Alguns, além de não estimularem a ação antioxidante de enzimas, ainda inibem sua atividade quando inseridos na alimentação em altas doses. Outros, ainda que aplicados em níveis baixos, como é o caso do selenito de sódio, podem gerar resíduos tóxicos no organismo de animais.
Uma opção que vem animando não apenas a comunidade científica como também a indústria de alimentação animal é o selênio de levedura ou orgânico. O assunto foi tema de debate no II Simpósio da Indústria de Alimentação Animal, realizado em Curitiba-PR, onde foram apresentados relatos de pesquisadores de todo o mundo que vêm se dedicando a estudos sobre o composto e seus benefícios na dieta de aves, suínos, ruminantes e pets. Exemplo de selênio orgânico, já disponível no mercado e, até o momento, único aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration) é o Sel-Plex, fabricado pela Alltech, empresa especializada em suplementos naturais para alimentação animais que há 25 anos atua no setor.
Na dieta de suínos, a utilização de selênio, além de proporcionar os benefícios já mencionados, ainda traz vantagens de comercialização, principalmente se o composto for fornecido ao leitão recém-nascido nos suínos em crescimento, a incorporação de selênio aos músculos é muito mais eficiente se ele for fornecido por selênio orgânico. Com a suplementação, os animais ganham em proteção antioxidante, maior durabilidade e frescor mais prolongado da carne. A utilização de selênio de levedura ainda proporciona uma boa coloração à carne, diferentemente do selenito de sódio, cujo uso na dieta torna a carne suína mais pálida.
Estudos feitos com o Sel-Plex apontaram outra série de benefícios do selênio na forma orgânica. Além de atuar como antioxidante, ele melhora a imunidade dos animais, promove maiores níveis de selênio nos tecidos, ovos e leite, e ainda eleva a produção de ovos e a qualidade dos pintos nascidos. Também aumenta o ganho de peso e melhora conversão alimentar absorção dos nutrientes fornecidos pelos alimentos , reduz o número de ovos de casca fina ou deformados, diminuindo eventuais prejuízos econômicos do produtor, e permite maior tempo de prateleira de ovos e carne.
Por essas razões o criador, o empresário e mais ainda, o consumidor, devem analisar os diversos fatores envolvidos na produção de alimentos, em âmbito nacional e internacional. Se por um lado a atividade excessiva dos radicais livres interfere na saúde dos animais e deve ser contra-atacada, por outro a indústria de alimentação já se deu conta de que a saúde do consumidor não pode ser comprometida por questões econômicas. Felizmente, a ciência e a indústria de suplementação animal já oferecem alternativas para, simultaneamente, garantir a saúde e a sanidade dos animais, a competitividade econômica e, principalmente, a segurança humana.