Redação SI 31/05/2001 15:04 – Com a certificação pela OIE de área livre de aftosa, com vacinação, o Estado de Mato Grosso do Sul mal comemorou o fato e já tem pela frente um novo problema a enfrentar na área sanitária e desta vez muito mais grave.
É que o Estado de São Paulo poderá receber, no próximo ano, a certificação de área livre sem vacinação, o que, na prática, prejudicará sensivelmente a comercialização da carne sul-mato-grossense, que tem no mercado paulista seu principal corredor de venda para o mercado interno e para a exportação.
O problema se estende para outros Estados, uma vez que São Paulo é hoje o principal centro de chegada e industrialização da carne bovina produzida no País. Estima-se que 70% das carnes brasileiras passam pelo Estado para ser consumidas ou industrializadas.
Várias associações de criadores estão levando este novo problema ao Ministério da Agricultura, tentando evitar um bloqueio, pelo Governo de São Paulo, com a conquista desse novo status sanitário.
O problema é grave, pois mexe com a “saúde” do setor em vários Estados da união. Além disso, teme-se que ocorra com SP o mesmo problema enfrentado hoje no RS onde, sem vacinação, pode ter seu gado infectado por um foco da aftosa, colocando todo o rebanho em situação de risco.
Para Júlio Brissac, analista de mercado pecuário da Rural Business, “a situação é realmente delicada e tanto o mercado quanto o Governo devem entender que, apesar do maior dever de casa da pecuária nacional ser com o consumo interno, uma vez que 90% das carnes produzidas no País são vendidas aqui mesmo, é fundamental galgar aumentos de volume de vendas para o exterior, como acontece atualmente, para que a “saúde” do mercado como um todo seja preservada”. Ainda de acordo com Brissac, “os frigoríficos exportadores são balizadores de mercado e as vendas externas, muitas vezes, são as responsáveis pela sustentação ou até mesmo pelas altas dos preços no mercado interno”.
O Brasil produz sete milhões de toneladas de carne bovina por ano, sendo considerado hoje o segundo maior produtor mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos.