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Suinocultura Industrial Entrevista: com Mariana Anrain Andreis, geneticista-chefe da DNA South América

Suinocultura Industrial Entrevista: com Mariana Anrain Andreis, geneticista-chefe da DNA South América

“Uma tendência de mercado só se confirma quando todos os setores envolvidos são atendidos. Não há como uma tendência se concretizar se apenas um deles é beneficiado. O DNA L600 provou que qualidade e produtividade podem caminhar juntas, beneficiando todos os elos da cadeia produtiva, o que o tornou líder no mercado americano”, Mariana Anrain Andreis é a geneticista-chefe da DNA South América. Formada em engenharia agronômica, possui mestrado em melhoramento genético animal.

  1. Por que o Duroc tem se tornado uma raça importante como terminador comercial nos maiores mercados do mundo?
    A raça Duroc se consolidou no mercado por meio de muito trabalho, estudo e investimento. No início dos anos 2000, o mercado americano utilizava predominantemente as raças Pietrain e Hampshire como reprodutores. Essas linhagens eram conhecidas pela eficiência na produção de tecido magro, gerando carcaças com alto rendimento, mas com baixo marmoreio e, consequentemente, piores atributos sensoriais da carne, como maciez, cor, suculência, sabor e aroma. Naquela época, apenas cerca de 30% dos cruzamentos comerciais tinham Duroc no genótipo, pois a raça ainda não competia em eficiência alimentar, produtividade e rendimento de carcaça. Havia, então, um impasse: os consumidores buscavam carne de melhor qualidade, enquanto produtores e indústrias priorizavam eficiência e rendimento. Essa lacuna abriu uma oportunidade para o mercado de genética: oferecer um produto que atendesse tanto às demandas dos consumidores quanto às dos produtores e da indústria. Assim, a partir do final dos anos 90, o Duroc passou por uma intensa seleção genética para aprimorar suas características produtivas.
    Hoje, o Duroc conquistou o paladar dos consumidores e, após anos de aprimoramento genético, destaca-se como campeão de desempenho zootécnico, especialmente em eficiência alimentar, ganho de peso diário e resistência a enfermidades — fatores cruciais para a eficiência econômica no campo. O resultado desse trabalho foi o aumento expressivo da participação de mercado do Duroc, que passou de 30% no início do século para 80% dos cruzamentos comerciais atuais. Por ser atraente para diferentes elos da cadeia suinícola e agradar os consumidores, o Duroc deixou de ser uma tendência e se transformou em uma realidade mundial.
  1. Qual é a origem desta raça?

A raça Duroc foi desenvolvida no século 19 nos Estados Unidos, em Nova Jersey e Nova York, com a contribuição de animais de pelagem vermelha vindos da Espanha e da Inglaterra. As primeiras importações de Duroc para o Brasil ocorreram em 1950.

  1. Os animais Duroc não são “todos iguais”? Como os diferentes bancos genéticos podem se diferenciar?

A raça Duroc, assim como todas as outras raças incluídas em programas de melhoramento, tem uma origem única. No entanto, essas linhagens se diferenciam entre si devido aos diferentes bancos genéticos, ou seja, a população de animais é direcionada de acordo com as metas estabelecidas por cada programa de melhoramento genético. Essas definições não surgem apenas da “ideia” de um grupo de pesquisa, mas são baseadas em estudos profundos sobre a variância genética aditiva da população — o que determina quais características podem ser selecionadas e melhoradas de forma permanente e cumulativa, aspectos essenciais para o sucesso de um programa.

  1. E como as empresas decidem quais características vão selecionar?

Para o início de um programa de melhoramento, quanto maior a variabilidade genética, melhor. O que fazemos durante esse processo é tornar os animais mais “parecidos”, ou seja, mais próximos das metas definidas pelo programa. Isso ocorre pelo aumento da frequência dos alelos favoráveis — aqueles que decidimos intensificar na população. Para que uma característica seja selecionada, ela precisa atender a dois critérios: possuir variância genética aditiva e ter impacto econômico. Em outras palavras, deve ser uma característica que, ao ser melhorada, aumente a rentabilidade da produção. O Duroc respondeu muito bem a esse processo, com melhorias expressivas na eficiência alimentar, devido ao alto ganho de peso, aliado à manutenção da qualidade da carne.

  1. Quais são as expectativas para o DNA L600 nos próximos anos?

Acreditamos que existem muitas semelhanças entre o mercado da América do Norte e o brasileiro, o que deve impulsionar a escolha do Duroc como a principal raça de terminadores nos próximos anos, seguindo a tendência da América do Norte. A crescente importância da resistência a doenças e da sobrevivência nos programas de melhoramento da DNA trará ainda mais benefícios aos produtores. Nosso objetivo é maximizar o número de animais de valor completo entregues, pois isso impacta diretamente a rentabilidade da produção. É assim que posicionamos o DNA L600: excelente para os produtores, vantajoso para a indústria, e, no final, o maior beneficiado somos todos nós, apreciadores de uma boa carne suína!