Redação (04/12/06) – Criadores de suínos da região de Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina, estão experimentando uma nova tecnologia para inseminação artificial. O método intra-uterino deposita o sêmen diretamente no útero da matriz.
A principal vantagem deste tipo de inseminação é a redução do custo com reprodutores. Conforme o professor Fernando Bortolozzo, do Departamento de Medicina Animal da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enquanto na inseminação tradicional é necessário um macho para cada cem a 150 matrizes, na intra-uterina um reprodutor consegue atender até 450 fêmeas.
– Na inseminação tradicional são necessários três bilhões de espermatozóides em uma dose de sêmen. No outro sistema é possível utilizar apenas um bilhão – explica.
A diferença entre os dois métodos é o local onde o sêmen é colocado. No tradicional, a pipeta tem uma ponteira que imita o órgão sexual do macho. Esse equipamento vai até o cérvix, da mesma forma que ocorre na monta natural.
Com a inseminação intra-uterina, a pipeta (ou cateter) é mais fina e não tem a ponteira. Dessa forma, passa o cérvix e chega até o corpo do útero (veja ilustração).
No Rio Grande do Sul, esta técnica é utilizada apenas experimentalmente. Para o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do RS, Valdecir Folador, os preços ainda são muito elevados. O suinocultor catarinense, Luiz Murer, no entanto, acredita que os resultados e a redução dos gastos com reprodutores compensam o investimento. Uma pipeta descartável comum é vendida entre R$ 0,50 e R$ 1. A transcervical com guia (na qual um catéter atravessa por dentro da pipeta) custa em média R$ 1,50. Mas uma empresa gaúcha desenvolveu um novo tipo de equipamento mais simples e barato e que está alcançando os mesmos resultados.
Atualmente, conforme o presidente da Associação Catarinense dos criadores de suínos – Regional Sul, Adir Engel, pelo menos 80% dos criadores da região utilizam a inseminação artificial, e o uso da intra-uterina vem crescendo, principalmente pela diminuição dos custos.
– Em alguns casos, a redução de gastos com reprodutor pode chegar a R$ 20 mil por ano. Em se tratando de pequenas e médias propriedades isso é uma grande diferença – afirma Bortolozzo.
Conforme o professor, as vantagens do sistema intra-uterino já foram comprovadas, mas falta agora implementar o uso em larga escala e para isso é preciso capacitar os inseminadores. Segundo Bortolozzo, como a pipeta alcança o útero, é preciso ter cuidados para evitar lesões ou infecções nas matrizes.
– O produtor tem que dominar a técnica tradicional e depois partir para a intra-uterina. Além disso, ele precisa observar o ganho genético e não apenas o custo por fêmea coberta – alerta.