Da Redação 17/10/2005 – Reunião de secretários de agricultura estaduais, realizada na sexta-feira (14/10) em Brasília, resultou em avanços na recuperação no fluxo de comercialização de produtos agropecuários sul-mato-grossenses para outros Estados, superando dificuldades enfrentadas desde que foi detectado foco de febre aftosa no município de Eldorado, no sul de Mato Grosso do Sul, no último final de semana. “Foi adotada uma atitude de bom senso pelos secretários de Agricultura”, disse o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Leôncio de Souza Brito Filho. A reunião foi realizada sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o objetivo de buscar consenso entre os Estados e evitar que Mato Grosso do Sul fosse penalizado, tornando-se impossibilitado de escoar sua produção rural.
“Todos os secretários de Agricultura se mobilizaram para defender o interesse brasileiro e também para garantir o abastecimento do mercado nacional e internacional de carne. A liberação da carne desossada maturada permite que os frigoríficos de Mato Grosso do Sul voltem a operar em plena carga. Não teremos restrições para trânsito de animais não-susceptíveis à febre aftosa, a não ser quando oriundos dos cinco municípios já isolados.”, disse Brito. “Também não haverá também restrições para a comercialização de produtos lácteos industrializados, desde que submetidos à pasteurização. Não haverá restrições para o trânsito e comercialização de couros e derivados para outras unidades federativas produzidos fora da área de emergência. As determinações para o trânsito de animais vivos de espécies susceptíveis à febre aftosa serão acordadas bilateralmente entre Mato Grosso do Sul e outros Estados”, explicou o presidente da Famasul, que também é vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) . Ele avalia que nas próximas semanas a comercialização de carnes e animais deve ser reestabelecida, comprovada a eficácia das medidas sanitárias e iniciadas as discussões com os demais Estados.
Antes do surgimento do foco de febre aftosa, Mato Grosso do Sul registrava um abate médio de 320 mil bovinos por mês, além de enviar outros 80 mil animais, vivos, para abate em outros Estados, principalmente São Paulo. O Estado tem o maior rebanho bovino brasileiro, com 25 milhões de cabeças. Dessa forma, Mato Grosso do Sul era responsável por praticamente a metade da carne bovina exportada. O Estado também é importante fornecedor de carne bovina para as demais Unidades da Federação, contribuindo para o equilíbrio de preços no mercado interno.
O dirigente defendeu que não havia motivos para que Mato Grosso do Sul fosse isolado das demais Unidades da Federação que têm o mesmo status sanitário, ou seja, condição de área livre de aftosa com vacinação. Brito ressaltou que todas as medidas sanitárias para contenção da doença foram rapidamente adotadas, com o abate sanitário dos animais do rebanho infectado e o isolamento de cinco municípios (Eldorado, Japorã, Mundo Novo, Iguatemi e Itaquiraí). Na região, ficou estabelecido, a partir do foco, raio de proteção de três quilômetros, chamado zona infectada; sete quilômetros de zona de vigilância e 15 quilômetros de zona de proteção. O presidente da Famasul disse que esse sistema de isolamento garante que a doença não irá atingir bovinos do restante de Mato Grosso do Sul, nem de outros Estados.
“Os secretários reconheceram que todas as ações feitas pelo Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), pelo governo do Estado, pelos produtores rurais, juntamente com a Famasul e a CNA fizeram foi o procedimento correto. Não há porque isolar Mato Grosso do Sul.”, disse Brito.”Acho que foi tomada uma atitude de bom senso pelos secretários de Agricultura”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Homero Alves Pereira, lembrando que é preciso realizar um esforço conjunto para mostra que o Brasil, como um todo, está lutando para erradicar a febre aftosa.