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Universidade Uniquímica: Meningite Estreptocócica na suinocultura

<p>Confira artigo técnico de Ney Faria, médico veterinário da empresa.</p>

Redação SI (01/08/06)- Introdução:

A meningite estreptocócica é uma enfermidade emergente na suinocultura. É uma doença infecto-contagiosa que afeta, principalmente, leitões na fase de maternidade, creche, crescimento-terminação e tendo como característica sinais nervosos, febre e, às vezes, morte súbita.

Etiologia
Seu agente etiológico é o Streptococcus suis. Já foram identificados 35 sorotipos do S. suis, sendo que o sorotipo 2 é  considerado o mais virulento. O S. suis pode sobreviver em tecidos ou fluidos de suínos por 10 dias a 4C, nas fezes por 8 à 104 dias a 0C à 25C, na poeira por 54 dias a 0C ou por 25 dias a 9C, e pode sobreviver e proliferar em vacinas de hidróxido de alumínio. Não resiste na poeira por mais de 24 horas em temperatura ambiente. É sensível a maioria dos desinfetantes, entre eles, iodo, hipoclorito, chlorhexadine,formaldeído, amônia quaternária e fenóis. Porém é resistente ao álcool 70%.

Epidemiologia
Sua incidência é maior em granjas de produção intensiva, com animais totalmente confinados e alta densidade. O stress pode precipitar a infecção causada por S. suis. Condições como superlotação, má ventilação, mudança da dieta, mudança brusca de temperatura, mistura de lotes, movimentações, vacinações e doenças concomitantes são fatores estressantes que podem participar deste processo.

Geralmente, é introduzida em um rebanho livre, através de animais portadores assintomáticos. Numa granja onde há suínos infectados, esses podem albergar o S. suis nas amígdalas ou no aparelho respiratório por um longo período, sem manifestar qualquer sintoma. Rebanhos com históricos de ocorrência de outras doenças, tais como, salmonelose, doença de Aujeszky, síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos e pleuropneumonia suína, são mais susceptíveis a surtos de meningite estreptocócica (ME). A introdução de animais portadores, em rebanhos livres da infecção, geralmente, resulta no aparecimento de surtos, começando primeiramente em leitões desmamados ou no início da fase de crescimento. Os leitões tornam-se infectados no momento do parto, no canal vaginal e, principalmente por via respiratória. Na fase de creche e crescimento-terminação a transmissão ocorre, basicamente, por via respiratória. O S. suis também pode ser transmitido através de fômites.

Patogenia
A via de infecção mais comum é a respiratória, e por essa via, o S. suis atinge as amígdalas, que servem de porta de entrada da bactéria. Em seguida, atingem os linfonodos mandibulares, podendo permanecer neles sem manifestar a doença, ou provocar septicemia, invadindo articulações, meninges e outros tecidos, levando o animal à morte.

O S. suis pode sobreviver e multiplicar-se no interior dos monócitos circulantes e, através deles, atingir o líquido cérebro-espinhal, causando a meningite.

Sinais Clínicos
Em leitões lactantes os sinais clínicos mais freqüentes são: apatia, diarréia, febre, cerdas arrepiadas, às vezes, vômito. Pode-se observar o aparecimento de artrite, com articulações inchadas e doloridas, tremores musculares e hipersensibilidade ao tato. A forma septicêmica pode ocorrer nesta fase, levando o animal a morte.

Nos leitões desmamados, depois do período de incubação que varia de um dia a duas semanas, os sintomas consistem em anorexia, apatia, febre, hiperemia da pele, incoordenação, tremores musculares, perda do equilíbrio, movimentos de pedalagem, decúbito lateral, opistótono e convulsões, podendo ocorrer cegueira, surdez, artrite, claudicações, ataxia e paralisia. A morte ocorre a partir de quatro horas após o início dos sintomas nervosos.

Lesões
Lesões Macroscópicas: na forma septicêmica observa-se carcaça hiperêmica, linfonodos congestos e aumentados de volume, áreas disseminadas de pneumonia, congestão dos órgãos parenquimatosos e exsudação serofibrinosa sobre as serosas, principalmente, no peritônio, pericárdio, pleura, meninges e sinóvias. Lesões cardíacas: endocardite, equimoses, áreas brancacentas no miocárdio. Quando há presença de sinais nervosos, pode-se visualizar fina camada de exsudato fibrinopurulento nas meninges e líquido cefalorraquidiano turvo co pequenos grumos.

Lesões Microscópicas: nos casos de meningite, incluem exsudação de fibrina e infiltração de neutrófilos nas meninges que, com a evolução do quadro, tende tornar-se mononuclear.

Diagnóstico
O diagnóstico presuntivo dá-se através do histórico, sintomas e lesões encontradas nos suínos necropsiados. 

Os exames bacteriológicos de suabes colhidos das meninges ou do líquido cefalorraquidiano e o histopatológico de fragmentos do encéfalo, incluindo as meninges, são indispensáveis para confirmação do diagnóstico. 

Os portadores assintomáticos podem ser identificados através da biopsia ou suabes das amígdalas, pelo método de isolamento com “bolinhas magnéticas”.

Controle e Tratamento
O tratamento mais indicado é a utilização de antibióticos. As drogas mais recomendadas são as penicilinas, ampicilina, amoxilina, cefalosporinas, fluorfenicol, quinolonas, sulfa-trimetropim. Deve-se associar ao antibiótico um analgésico e um anti-inflamátório. 

Os animais doentes devem ser medicados e isolados. Além dos animais doentes, devem ser medicados os companheiros de baia ou mesmo de todo o lote, pois alguns, podem encontrar-se em período de incubação. Para o tratamento em massa os antibióticos devem ser misturados na ração ou na água.

Fatores relacionados ao manejo que levam ao um aumento de stress devem ser minimizados. A desinfecção e limpeza das instalações devem ser realizadas com freqüência.