Redação (01/09/2008)- Os fabricantes de vacinas contra aftosa terão de garantir resultados negativos para a doença em animais vacinados. A exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vale a partir de janeiro. As vacinas vendidas atualmente como “diferenciadas” ainda não estão sendo avaliadas neste quesito.
O controle sobre a produção de vacinas contra a aftosa se tornará ainda mais complexo. Hoje, toda a produção nacional fica retida na Central de Selagem de Vacinas (CSV) de Vinhedo (SP) e só é liberada após uma série de testes. A CSV avalia se a vacina não transmite o vírus da aftosa, se não carrega outras doenças e se foi esterilizada. Um teste adicional vai avaliar se o medicamento realmente não tem proteínas não-estruturais, que dão falso-positivo. Haverá testes com animais vacinados.
O tempo de avaliação vai aumentar de 60 para 100 dias, prevê o coordenador da Central de Selagem, Sílvio Cardoso. Apesar do aumento nos custos, estimado em 30%, a primeira vacina “diferenciada”, lançada em maio pela Merial, com sede em Paulínia (SP), chegou ao mercado custando o mesmo preço da vacina tradicional, cerca de R$ 1,80 por dose no Paraná.
A CSV, implantada há dez anos depois de acordo entre o Mapa e a indústria de medicamentos veterinários, impõe rígido controle antifraudes. Depois de ter amostras testadas em laboratórios de Porto Alegre e Sarandi (RS) e de Recife (PE), o produto vai direto para os distribuidores (revendas, cooperativas) – não volta à indústria.
A vacina purificada foi lançada no Brasil em abril pela Merial com o nome de “vacina limpa”. O Mapa pediu que a indústria mudasse o apelo. “Todas as vacinas, incluindo as tradicionais, são adequadas para o que se exige hoje”, justifica o diretor de Saúde Animal do ministério, Jamil Gomes.
A Biogénesis Bagó, que produz o novo medicamento na Argentina, anunciou mês passado que vai entrar nesse segmento do mercado brasileiro, aumentando a concorrência no setor. Hoje há quatro fabricantes de vacinas contra aftosa no país: Bayer, Intervet, Valée e Merial.
O Paraná tem grande interesse na vacina nova. Sem resíduos que geram falsos positivos, o medicamento pode evitar que animais sadios sejam confundidos com portadores do vírus da aftosa em testes realizados após a vacinação. Segundo os órgãos sanitários, o problema contribuiu para que o estado perdesse, em outubro de 2005, o status de área livre da doença junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE), recuperado há dois meses. Na época, foram sacrificados 6,7 mil animais.