Redação (21/01/2009)- Desde o início da década muito se fala sobre a ascensão dos países emergentes e de sua crescente influência na dinâmica da economia mundial. Foi em 2001 que o economista do grupo Goldman Sachs, Jim O´Neill, criou o termo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) para designar as quatro principais economias emergentes do mundo no relatório “Building Better Global Economics Brics”.
Tomando como base projeções geográficas, modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o estudo realizado pelo Goldman Sachs indicava que em médio prazo (em 2040, segundo o relatório), os países emergentes se tornariam a maior força motriz da economia mundial.
Pois bem, os chamados Brics estão enfrentando seu primeiro “choque” externo da década. A economia mundial que vinha de vento em popa, sofreu em meados de setembro uma drástica e abrupta mudança.
Passados os últimos três meses de 2008, uma nova onda da atual crise parece se formar no horizonte. Os números mais recentes sugerem um aprofundamento da crise. Em todas as economias, avançadas ou emergentes, em maior ou menor grau, o problema é o mesmo: o congelamento do crédito.
Diante deste primeiro “teste” algumas perguntas inevitavelmente se impõem: num cenário de recessão qual a relevância dos Brics para o desempenho da economia mundial? Estariam os Brics mais bem preparados para enfrentar essa crise?
O próprio Jim O´Neill se encarrega de responder. Em artigo publicado recentemente no jornal britânico Financial Times, o economista da Goldman Sachs afirma que não se deve desconsiderar o papel dos Brics.
Fonte de crescimento – Segundo ele, a mais recente projeção do Goldman Sachs para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial é de 0,6% em 2009. O estudo projeta um declínio de 1,2% para os países industrializados. O crescimento de 0,6%, explica O´Neill, deriva de uma projeção de alta de 4,7% para o PIB dos Brics, cujas economias respondem por cerca de 15% do PIB mundial.
“Nossas projeções quanto à demanda doméstica se assemelham aos nossos números sobre o PIB, o que significa que os Brics serão a única fonte de crescimento de demanda interna no planeta em 2009. Em 2010, prevemos que o crescimento da demanda interna nas economias avançadas subirá a 1,2%, e nos Brics, a 7,2%, por efeito do pacote chinês de estímulo”, escreve O´Neill.
De acordo com o economista, somando essas projeções aos resultados de 2008 é possível projetar que por três anos os Brics estarão na liderança da expansão da demanda mundial. “É desse ponto de vista que os céticos deveriam avaliar se a história dos Brics realmente ficou no passado. Pelo final da década, eles podem estar perto de responder por 20% do PIB mundial. Trata-se de proporção mais alta do que qualquer dos quatro cenários que consideramos em 2001, quando escrevi pela primeira vez sobre a provável emergência dos Brics”, pondera O´Neill.
“Em lugar de sugerir que o nosso sonho Bric talvez seja tirado dos trilhos pela recessão mundial, a ideia de que os Brics podem se tornar coletivamente maiores que o G7, em 2035, torna-se mais plausível”.