Enquanto muitos países europeus buscam redesenhar as baias de parição para oferecer mais liberdade às porcas, o SunPork Group, da Austrália, apresentou uma solução inovadora: os anéis de maternidade. O conceito foi detalhadamente pesquisado antes do lançamento.
No site oficial, o SunPork descreve essa tecnologia patenteada como uma forma de eliminar o “confinamento da porca enquanto protege seus leitões”, utilizando uma área de 4,3 m², semelhante ao sistema tradicional de caixas de parição. Em termos de custo, a tecnologia, com um arco oval elevado, também não se diferencia significativamente dos sistemas atuais. Segundo a empresa, a solução busca manter o espaço adequado e o desempenho da parição, garantindo o bem-estar da porco, dos leitões e dos cuidadores.
Pesquisadores australianos associados ao SunPork publicaram um artigo sobre o conceito na Frontiers in Veterinary Science . No estudo, afirmaram que o anel de maternidade é uma alternativa às gaiolas de parição, oferecendo espaço preservado e permitindo que a porta se mova livremente. Os pesquisadores observaram que o confinamento das porcas impacta seu bem-estar em dois momentos críticos: antes do parto, quando há necessidade de construir um ninho, e no final da lactação, durante o desmame.
Desenvolvimento e comparação com gaiolas de parição
Desde 2015, o SunPork vem explorando alternativas ao sistema de parição convencional. Os pesquisadores aplicaram a estrutura dos Cinco Domínios para avaliar o bem-estar das porcas alojadas nos anéis de maternidade em comparação com as gaiolas tradicionais. O estudo concluiu que as porcas mantidas nos anéis apresentam melhor bem-estar geral e podem ser consideradas em um estado afetivo mais positivo.
O ensaio foi realizado em uma unidade de matrizes, incluindo 171 porcas, das quais 88 foram alojadas em gaiolas e 83 nos anéis de maternidade. As baias de ambos os sistemas mantêm áreas muito próximas: 1,80 mx 2,35 m para os anéis e 1,78 mx 2,33 m para as gaiolas.
Resultados e benefícios do sistema
As porcas mantidas no sistema de anéis de maternidade consumiram menos ração (93,8 kg em média) em comparação às porcas em gaiolas (111,2 kg). Eles também relataram menos comportamentos frustrados e sinais de dor, como mordidas de barra e danos físicos (10% nos anéis, contra 67% nas gaiolas). Além disso, houve menos lesões nos úberes ao desmame e uma necessidade reduzida de medicação nos leitões.
A ocorrência das porcas ao processamento de leitões, como a castração, mostrou que, nos anéis da maternidade, houve mais contato entre porcas e leitões após o procedimento, proporcionando uma resposta comportamental menos estressante. Em um teste de estímulo sonoro, as porcas nos anéis mostraram uma evidência de sobressalto reduzido.
Parceria para fabricação e distribuição
Para fabricar e distribuir os anéis de maternidade, a SunPork colabora com a Stockyard Industries, de Queensland. A Universidade de Adelaide, por meio da suinicultura Roseworthy, atuará como um centro de treinamento para divulgar o sistema. David Lines, pesquisador do SunPork, informou à ABC Austrália que a tecnologia foi inovadora em nove baias de parto e que a meta é atingir mais de mil unidades.
O desenvolvimento dos anéis de maternidade foi bem recebido na Austrália. A RSPCA australiana, por exemplo, elogiou a inovação, enquanto a Australian Pork, órgão da indústria, declarou apoio. A CEO da Australian Pork, Margo Andrae, destacou o compromisso da indústria com o animal bem-estar e a importância da participação da RSPCA na pesquisa.
Apesar do sucesso na Austrália, ainda é certo que a ideia será amplamente aceita na Europa. Em 2022, foi sugerido um espaço mínimo de 6,6 m² para porcas, enquanto os anéis de maternidade oferecem 4,3 m².
O artigo na Frontiers in Veterinary Science foi escrito por Kate Plush, David Lines, Lauren Staveley, Darryl D’Souza e Robert van Barneveld, do SunPork Group.
Fonte: Pig Progress adaptado pela equipe Agrimídia