Os preços da carne bovina na exportação se mantêm em recuperação depois de um período de mercado deprimido em decorrência da crise financeira global. Na Europa, as cotações já não estão mais tão distantes dos US$ 8 mil por tonelada registrados em períodos de 2007 e 2008.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), em fevereiro, as exportações de carne in natura subiram 43% sobre o mesmo mês de 2009, para US$ 265 milhões. Em volume, a alta foi de 13%, para 109,2 mil toneladas (equivalente-carcaça). O preço médio se recuperou 27%. Já a receita com a carne industrializada caiu 6%, para US$ 47,3 milhões. Os volumes recuaram 2%, para 29,3 mil toneladas.
No bimestre, os embarques de carne in natura alcançaram US$ 506,1 milhões, alta de 43%. Já os volumes subiram 16%, para 207,6 mil toneladas (equivalente-carcaça).
Enquanto as vendas de carne in natura subiram, refletindo a recuperação da demanda, os embarques de carne industrializada foram no sentido inverso. A razão, explicou Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec, é que em 2009, as exportações de carne industrializada – item mais barato que o produto in natura – aumentaram por causa da crise. Isso elevou a base de comparação. Com a economia se recuperando, as vendas do produto caíram pois há maior demanda por produto in natura.
Cançado observou ainda que os preços de exportação têm subido “em que pese a valorização do real em relação ao dólar”. A razão é que os exportadores têm conseguido renegociar preços, justamente por causa do dólar mais fraco, segundo ele. Há ainda efeito da recuperação da economia.
A melhora na demanda também na União Europeia, aliada a um quadro de oferta restrita, fez as exportações brasileiras para o bloco subirem no bimestre, bem como os preços. Foram US$ 43,2 milhões, alta de 55% em relação a igual intervalo do ano passado. Em volume foram 8,6 mil toneladas, alta de 17%. “Os preços na Europa estão se aproximando dos US$ 8 mil vistos em 2007 e 2008”, afirmou Cançado. A cotação média ficou em US$ 7.398 por tonelada no bimestre, 33% de alta ante o primeiro bimestre do ano passado.
Os limites que a UE impôs à carne brasileira no início de 2008 – definindo que só fazendas certificadas podem fornecer animais para abate ao bloco -, os estoques baixos na Europa e a oferta apertada na Argentina e Uruguai explicam a valorização e levam Cançado a acreditar que os preços devem continuar a subir.
Ele informou que a lista de 19 estabelecimentos habilitados para exportação à China já foi definida. Agora, o Brasil espera a aprovação do governo chinês. A expectativa de Cançado é de que as vendas de carne in natura ao país, cujas negociações duraram 14 anos, comecem no segundo semestre.