A Brasil Foods ainda sofre os efeitos da crise internacional que abalou o setor entre o final do ano passado e o início de 2009, embora a empresa já tenha verificado uma retomada nas vendas no mercado interno, que responde pela maior parte do faturamento da companhia.
De acordo com o copresidente do Conselho Administrativo da BRF, ex-Perdigão, Nildemar Secches, justamente por conta de um mercado ainda “difícil”, a organização não tem uma previsão para 2009 das vendas externas, que normalmente respondem por pouco mais de 40% do faturamento da empresa.
“Em termos de crescimento da organização, o mercado internacional está especialmente difícil… Ainda estamos buscando recuperar perdas de mercados internacionais que tivemos no início do ano”, declarou Secches, a jornalistas.
No segundo trimestre, BRF e Sadia tiveram vendas externas menores, e as receitas líquidas totais das duas companhias, incluindo mercado interno, somaram no período R$ 5,2 bilhões.
A BRF ainda aguarda a aprovação da incorporação da Sadia pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Caso ocorra, a empresa resultante vai se tornar a maior exportadora global de aves, e a segunda maior exportadora mundial de carnes, segundo Secches.
Não somente a BRF tem sofrido no campo externo. As exportações de carne de frango do Brasil, o maior exportador mundial, embora praticamente estáveis em volumes (2 milhões de toneladas, no acumulado de janeiro a julho), caíram 19% em valor no período ante 2008, para US$ 2,97 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura.
As perdas em divisas acontecem ainda porque no ano passado, no primeiro semestre, o setor exportava a preços recordes.
Sobre o mercado interno, o copresidente da BRF disse que já “tivemos melhora no terceiro trimestre”, após um primeiro semestre pouco brilhante. “A renda disponível está crescendo. Já há uma recuperação. A gente espera que o último trimestre do ano também seja de recuperação”, declarou.
Foco na estruturação – Secches, que espera que o Cade aprove entre o final do ano e o início do ano que vem a compra da Sadia, disse que entre as etapas para a associação entre as duas empresas só falta a autorização do órgão de concorrência.
Tem agora a aprovação do Cade e depois o planejamento das atividades das duas companhias… O mais provável é que mais pra frente mantenhamos vendas separadas e a distribuição em conjunto, o que vai significar redução de custos para a empresa, especialmente no mercado internacional”, disse ele.
Questionado sobre investimentos e aquisições, o copresidente da BRF indicou que a organização deve se concentrar mais na união das duas empresas.
“Em 2009 e 2010, ela vai tirar proveito das capacidades das duas empresas, então não se prevê grandes investimentos iniciais. Teremos os investimentos tradicionais, de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão por ano nos próximos dois a três anos.”
Ao falar sobre aquisições, ele disse: “Em um primeiro momento, a grande preocupação é a absorver as estruturas das duas empresas… Vamos nos concentrar nos próximos 6 a 12 meses apenas na busca de sinergias.”