Redação (20/01/2009)- O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Yang Jiechi, e o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, conversam ontem sobre a possibilidade de aumentar o comércio bilateral nos dois países. O encontro teve como objetivo fortalecer as relações entre os dois países, diante da atual conjuntura de crise financeira internacional.
Em reunião no Itamaraty, os ministros discutiram a possibilidade de os empresários de ambos países buscar oportunidades mútuas de negócios; e tornar a relação comercial "mais equilibrada", já que o Brasil acumula déficits no comércio com a China.
Amorim quer promover o etanol e as vendas com maior valor agregado no complexo soja. Já o ministro chinês, que mais cedo conversou com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, afirmou que a China "está disposta" a aumentar os investimentos no Brasil; e aumentar as importações de produtos brasileiros, sobretudo no setor de aço.
Jiechi afirmou que empresas brasileiras podem ser beneficiadas pelo pacote de US$ 500 bilhões que o governo chinês lançou para aumentar o consumo interno e reduzir os efeitos da crise financeira internacional. Confiante, ele assegurou que a economia chinesa manterá o crescimento vigoroso, de cerca de 9% este ano. "Acreditamos que a economia da China vai seguir o brilho de desenvolvimento, saudável, estável e acelerado", declarou o ministro Jiechi.
"A China vai promover os investimentos na infra-estrutura e na restauração de zonas danificadas. Vamos promover a indústria automobilística. Por isso a economia chinesa vai precisar de aços e outros materiais. Isso oferece oportunidade para outros países aumentarem as exportações para China", disse o ministro chinês.
Negócios na China
Ainda assim, Amorim não se demonstrou muito confiante na hipótese de o Brasil reverter o déficit no comércio com a China em curto prazo. Disse ser necessário, ainda, o Brasil descobrir as oportunidades de negócios na China. "Discutimos a importância de mantermos um comércio equilibrado; mas equilibrado absolutamente não existe", reconheceu o chanceler brasileiro. "Já tivemos superávits e hoje temos o déficit. Acho que essa situação pode mudar. Mas procurando saber quais são oportunidades ", complementou o embaixador.
Empresários brasileiros, como os do setor de calçados, temem uma eventual enxurrada de produtos chineses no Brasil em momento em que a China busca ampliar os negócios em países emergentes diante da recessão mun-dial, sobretudo nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos da América.
Ao demonstrar interesse de aumentar a corrente de comércio entre os dois países, o ministro chinês, Jiechi, destacou que o comércio bilateral é de cerca de US$ 50 bilhões anuais, o equivalente a um terço do valor global entre a China e a América Latina.
No ano passado, o déficit comercial do Brasil com a China subiu quase 100%, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.