O milho virou a principal preocupação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, devido às fortes altas de preços nos mercados externo e doméstico. Apesar da recente acomodação na bolsa de Chicago, a queda ainda não chegou ao Brasil, e a pressão sobre as margens da indústria de aves e suínos – e sobre a inflação das carnes – permanece. A ministra já anunciou a elevação do limite de crédito de custeio para o produtor que cultivar o grão na próxima safra de verão (2021/22), mas quer implementar outras medidas para incentivar o avanço do plantio.
Nesse contexto, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) propôs a criação de um programa de subvenção federal, aos moldes do seguro rural, para a contratação de opções de venda do milho no mercado futuro, dando cobertura de risco de preço aos produtores para cobrir os custos e dar margem compatível com a da soja, que tem maior atratividade no momento. Com R$ 350 milhões de subsídio, seria possível dobrar a produção de milho no Sul, estima a entidade.
Com esse instrumento, o produtor poderia procurar uma corretora de grãos e comprar opções de venda futura do milho a um determinado preço. O governo subvencionaria parte do prêmio, determinado diariamente pela B3, para a contratação dessas opções. Na data de vencimento, se a cotação estiver abaixo da pré-fixada, o agricultor exerce o direito e vende mais caro. Se estiver abaixo, pode optar por negociar no mercado físico. A previsão legal da medida foi incluída na Lei do Agro (13.986), pensada inicialmente para o café.
Conforme a CNA, o produtor tem preferido cultivar soja na safra de verão nos últimos anos devido à maior resistência da planta aos períodos de estiagem prolongados, ao custo de produção um pouco menor e ao dinamismo e liquidez do mercado da oleaginosa, que trabalha com contratos de venda futura e hedge por meio de tradings, cooperativas e cerealistas de forma muito mais desenvolvida do que para o milho.
“A subvenção à opção de venda futura é mais um instrumento para garantir preço que dê competitividade ao milho frente à soja”, afirmou Fernanda Schwantes, assessora técnica da Comissão de Política Agrícola da CNA, ao Valor.
A análise é que, com a subvenção, o produtor pode avaliar o número de sacas que gostaria de proteger e por qual valor, levando em conta volume e custo de produção. A proposta exige, porém, que ele comprove a operação para ter acesso à subvenção. Como resultado, caso as cotações do mercado caiam no futuro, o produtor terá parte de sua safra garantida a um preço remunerador.
A CNA fez simulações de como o programa poderia ser implementado no Sul, grande consumidor de milho pelas granjas de aves e suínos e que tem déficit de 9 milhões de toneladas, para ampliar a oferta