Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Programa

Cooperados da Frísia já negociam 'créditos sustentáveis' de grãos

Programa da cooperativa abre caminho para que associados obtenham renda extra a partir da adoção de boas práticas de cultivo

Cooperados da Frísia já negociam 'créditos sustentáveis' de grãos

Um produtor paranaense iniciou o ano de 2023 com uma renda extra graças às boas práticas que adotou na produção de soja e aos princípios ambientais e trabalhistas seguidos à risca na propriedade de 784 hectares no município de Teixeira Soares, nos Campos Gerais do Paraná. Fabiano Gomes, cooperado da Frísia, negociou com empresas da Dinamarca e da Alemanha 2.281 créditos sustentáveis oriundos da colheita da oleaginosa.

A negociação, que rendeu cerca de US$ 6 mil – ou mais de R$ 31 mil -, foi a primeira que a cooperativa realizou por meio do programa Fazenda Sustentável, que ela vai lançar oficialmente no mês que vem. Na iniciativa, a Frísia estimula a adoção das boas práticas ambientais, trabalhistas e de gestão, orienta a adaptação das propriedades e reduz o custo dos cooperados com a certificação, o que garante sobras maiores na comercialização desses créditos.

Cada crédito equivale a uma tonelada de soja certificada. Na primeira remessa, o produtor negociou a unidade por US$ 2,50 com uma companhia dinamarquesa. Depois, comercializou o restante com a cotação mais alta, a US$ 2,80, com uma empresa alemã.

“A gente já vinha com um modelo de organização muito forte na nossa propriedade, e queríamos dar um passo a mais”, diz Gomes. Na fazenda Pau Furado, ele e dois irmãos ainda produzem milho, feijão, trigo, cevada e aveia. O sistema de gestão profissional da propriedade, somado às melhorias estruturais, assegurou o resultado final.

Produtividade Maior

Segundo o agricultor, as boas práticas ajudaram a aumentar a produtividade da soja, que passou de 73 sacas por hectare nos últimos seis anos. No milho, a colheita média ficou em 181 sacas nas últimas cinco safras. “O mercado está exigindo cada vez mais qualidade. Hoje, a certificação é um selo de qualidade muito importante que a propriedade tem, principalmente para o mercado externo”, concluiu Gomes.

A soja que rendeu o bônus foi colhida na última temporada passada e comercializada pela Frísia. Como zerou a lista dos critérios sustentáveis, a produção de Fabiano Gomes foi certificada pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) e gerou os créditos, ofertados em dezembro e negociados em janeiro deste ano. A cooperativa atuou na intermediação, tornando o processo viável e mais barato ao produtor. Parte da receita é repassada à certificadora.

“A Frísia tira os atravessadores, o que reduz muito o custo de certificação. Com a assessoria da cooperativa, o produtor não precisa buscar no mercado essa auditoria”, explica Jean Cesar Andrusko, especialista em Meio Ambiente da Frísia. Em uma negociação similar, realizada anteriormente por outro agricultor, mas sem o auxílio da cooperativa, conta 

Andrusko, o valor final que o produtor recebeu pelo crédito sustentável da soja certificada ficou em US$ 0,67 por unidade. “O objetivo é agregar valor à produção, tendo em vista que haverá a rastreabilidade e a comprovação da sustentabilidade”, completou o especialista.

Cevada sustentável

O projeto acelerou-se com a construção de uma maltaria em Ponta Grossa (PR) por um grupo de cooperativas. Uma das exigências das indústrias compradoras do malte é que parte da cevada seja sustentável, o que significa que os produtores têm de cumprir uma série de requisitos.