Os produtores de soja mais uma vez estão aumentando os desembolsos de recursos próprios para custear a safra em Mato Grosso, que lidera a produção nacional e onde o plantio está finalizado.
Projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgada nesta quarta-feira aponta que, no Estado, o custo operacional total de produção do grão transgênico, que domina as lavouras, alcançará R$ 6.557,27 por hectare em 2022/23, um montante 50,5% maior que o do ciclo passado. Nesta temporada, as despesas com fertilizantes chegaram a R$ 2.417,29 por hectare, um aumento de 111,8% em relação a 2021/22.
O gasto com defensivos é estimado em R$ 1.373 por hectare (alta de 27,4%), enquanto as sementes ficaram 68,2% mais caras e levaram dos produtores R$ 832,67 por hectare. Para o ciclo 2023/24, a expectativa é que o produtor mato-grossense ainda veja o custo subir, mas em ritmo menos intenso, graças sobretudo à queda dos fertilizantes.
O custo operacional total da soja foi estimado em R$ 6.557,27 por hectare na próxima temporada, cuja semeadura começará em setembro. Os defensivos deverão ter o maior peso nas despesas em 2023/24 — R$ 1.657,22 por hectare, alta de 20,7% em relação a 2022/23.
O gasto com sementes, por sua vez, deverá diminuir 12,5%, para R$ 728,20 por hectare, e o desembolso com fertilizantes deve cair 15,7%, para R$ 2.038,23. Com o custo elevado e a escalada das taxas de juros, nesta safra 2022/23, os recursos próprios dos produtores de Mato Grosso representaram 33% do funding total, 10 pontos percentuais a mais que no ciclo passado e o maior aumento observado desde a safra 2016/17.
“A utilização de recursos próprios cresceu porque o produtor está mais capitalizado, já que aproveitou os preços recorde desde a temporada 2020/21. Além disso, enquanto o crédito de custeio do Plano Safra 2022/23 subiu 38%, o custo dos produtores aumentou 50%” disse Monique Kempa, coordenadora de inteligência de mercado do Imea. Segundo ela, o bom ritmo da semeadura no Estado favoreceu a expectativa de crescimento de 2,9% da área de soja em 2022/23, que chegou a 11,81 milhões de hectares.
A colheita deverá ser 1,4% maior, de 41,5 milhões de toneladas. No entanto, a produtividade deverá cair 1,5%, para 58,51 sacas por hectare, em função de chuvas irregulares em novembro.
O Imea apresentou, ainda, projeções para a soja em Mato Grosso nos próximos dez anos. Na comparação com a safra 2021/22, a área plantada com soja no Estado deverá crescer 43,8% até 2031/32, para 16,5 milhões de hectares. Já a produção poderá aumentar 55,7%, para 57,97 milhões de toneladas.
“Essa projeção está baseada no aumento da demanda por alimentos, que deve ser impulsionada pelo crescimento da população mundial. Vale ressaltar que a expansão da área da soja se dará em áreas que já estão sendo ocupadas com pastagens e não vão ocupar novas áreas”, frisou Vanessa Gasque, coordenadora de desenvolvimento regional do Imea.