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Estiagem prejudica planos de avanço de cooperativas

No Paraná, 45% da colheita de soja e 50% da de milho estão perdidas.

Redação (16/01/2009)- A estiagem que afetou a safra de verão terá impacto direto na programação de 2009 das cooperativas do Paraná. No ano passado, de acordo com as primeiras estimativas, elas bateram recorde de faturamento, com cerca de R$ 22 bilhões – as do ramo agropecuário representaram R$ 19,5 bilhões -, ante R$ 18,5 bilhões em 2007. 

Foi o segundo ano seguido de crescimento, depois de também enfrentarem problemas climáticos e queda nas receitas em 2005 e 2006. Nos últimos dias, diretores e técnicos participaram de reuniões para analisar a situação e, hoje (dia 16), a Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar) apresenta ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em Curitiba, um levantamento com as perdas provocadas pela seca nas áreas de atuação das associadas. 

Na terça-feira a Secretaria da Agricultura do Paraná divulgou levantamento que mostrou quebra de 5,06 milhões de toneladas no Estado, ou 23,4%. Mas, em algumas regiões, as perdas foram bem maiores. 

Alfredo Lang, presidente da C.Vale, segunda maior cooperativa do Estado, disse que 45% da colheita de soja e 50% da de milho estão perdidas. "É uma loucura. Tem gente colhendo 20 a 40 sacas de soja por alqueire, em vez das 125 esperadas". A C.Vale tem sede em Palotina, no oeste do Paraná, mas atua também no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Lang explicou que, se forem consideradas as situações nos quatro Estados, as perdas são de cerca de 27% até agora. 

"Aqui o plantio é feito mais cedo, e a seca chegou mais cedo também", disse o executivo. Na opinião dele, a redução da safra afeta muito mais as cooperativas do que a crise externa que restringiu o crédito. Por isso, uma série de investimentos programados para o ano foram adiados, como uma unidade de recebimento de grãos e de sementes em Santa Catarina. 

"Tudo o que ainda não estava contratado foi suspenso", conta Lang. Dos R$ 148 milhões programados para obras em 2008 e 2009, cerca de R$ 70 milhões agora dependem de melhoras no cenário. 

Em 2008 a C.Vale faturou R$ 1,947 bilhão, 38% mais que no exercício anterior, mas Lang agora acha difícil repetir o desempenho. "A diversificação dá um equilíbrio". Atualmente, 38% das receitas são obtidas com grãos e mandioca, 30% da industrialização de produtos (frangos, em especial) e 32% com a venda de insumos. 

A Cocamar, de Maringá, está prestes a concluir seu levantamento, mas já fala em quebra de até 25% na safra. A soja é o principal produto da cooperativa, que em 2008 faturou R$ 1,38 bilhão, 25% mais que em 2007. Ela também adiou pequenos investimentos e, em 2009, construirá uma usina de co-geração de energia, de 13 megawatts, que custará R$ 35,5 milhões – 90% obtidos no BNDES. 

Outra que está fazendo levantamento da situação é a Coamo, de Campo Mourão, a maior do país. Os dados só ficarão prontos na próxima semana mas, desde o fim do ano passado, quando anunciou as sobras, o presidente do grupo, José Aroldo Gallassini, está preocupado com os efeitos da estiagem.