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Indústria busca estratégia para recuperar vendas de fertilizantes

Em 2009 o fertilizante químico vai estar mais barato que qualquer outro tipo de adubo.

Redação (14/01/2009)- Para frear a queda nas vendas de fertilizantes, preços mais baixos. O cloreto de potássio, antes comercializado a US$ 950 a tonelada, é vendido a US$ 800. A tonelada do nitrato de amônio passou de US$ 600 para US$ 190, a de uréia caiu de US$ 900 para US$ 280. Essas novas cotações estipuladas à revelia do setor e já à disposição do produtor rural nas distribuidoras podem interromper o recuo de 10% registrado nas entregas de adubos em 2008 em comparação às 24,6 milhões de toneladas negociadas no ano anterior. "Em 2009 o fertilizante químico vai estar mais barato que qualquer outro tipo de adubo", aposta a consultora Elizabeth Chagas.

Mas enquanto a expectativa não se confirma, a indústria corta a produção interna, em até 50%, e também as compras no mercado internacional, essas recuaram mais de 70% em novembro e dezembro, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Só no Porto de Paranaguá, o maior importador de fertilizantes do País, cerca de 1,5 milhões de toneladas de fertilizantes deixaram de ser descarregadas no último ano em comparação a 2007, queda de 23%. Ainda assim, a balança comercial do setor pendeu US$ 3,5 bilhões para baixo, aponta os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Foi a escassez de crédito que determinou a queda nas vendas internas de fertilizantes. A cadeia, que esperava comercializar 26 milhões de toneladas de adubo, fechou o ano com menos de 23 milhões de toneladas vendidas, antecipam fontes do setor. A indústria de defensivos agrícolas também registrou queda nas vendas no último trimestre do ano, mas elas não foram grandes o suficiente para frear o crescimento superior a 25% estimado pela indústria.

De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindag), até novembro, a receita com a venda de agroquímicos já havia crescido 29%. Em 2007 o setor contabilizou US$ 5,3 bilhões, em 2008 esse valor pode chegar a US$ 6,8 bilhões, 28% mais. Esse crescimento em receita não se apoia na alta dos preços, que segundo o vice-presidente do Sindag, José Roberto Daros, recuou, "em alguns casos até 20%". Já os preços dos fertilizantes registraram aumento de mais de 100% no último ano, o acumulado entre as safras de 2001 e 2008 é de 380%.

No final do ano passado os produtores rurais não tiveram crédito suficiente para bancar essa alta e mais de 6 milhões de toneladas de fertilizantes ficaram estocadas nos armazéns, volume referente a 40% do consumo interno ou 27% do consumo total estimado por analistas para 2009 em 22 milhões de toneladas. O mercado de fertilizantes movimenta mais de R$ 96 bilhões por ano. Até novembro, o Sindag contabilizava R$ 11,803 bilhões em vendas de defensivos. Em 2009, a comercialização de agroquímicos "vai depender da negociação da safra que já começou a ser colhida pelo produtor", acredita Da Ros. "O problema é saber se o produtor vai conseguir vender bem a safra, pagar a dívida e obter crédito para fazer novas aquisições".

O recuo na comercialização de defensivos verificado nos últimos três meses de 2008, rebaixou a projeção de crescimento anual de 35% prevista pelo setor. A retração nas vendas ocorreu "justamente na safra, por isso não foi tão grande. O produtor não pode abrir mão da tecnologia", ressalta Da Ros.

O segmento que apresentou o melhor desempenho foi o de herbicidas, que até novembro registrava R$ 5,213 milhões em vendas internas. Os inseticidas (R$ 3,403 milhões) e fungicidas (R$ 2,2652 milhões) aparecem em segundo e terceiro lugar respectivamente. Em 2009, a queda na venda de defensivos deve ser maior entre os produtores de milho e algodão, culturas que devem registrar as maiores retrações de áreas cultivadas.