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Leia na SI: Enriquecimento ambiental - “brincadeira” que gera lucro

Estudo premiado na categoria bem-estar animal do Prêmio Quem é Quem estimula suinocultores cooperados à aderirem ao enriquecimento ambiental; 70% já adotaram boas práticas

Leia na SI: Enriquecimento ambiental - “brincadeira” que gera lucro

A crescente demanda por carne suína de alta qualidade somada à conscientização sobre a importância do bem-estar animal geram uma busca por métodos que aprimorem a ambiência na suinocultura. O conceito de enriquecimento ambiental envolve a introdução de elementos, como brinquedos e estruturas nas baias dos suínos para estimular seu comportamento natural, reduzindo o estresse do animal e aprimorando o seu desempenho. Nesse contexto, estratégias inovadoras estão sendo exploradas para criar ambientes mais favoráveis, promovendo conforto e saúde, ao mesmo tempo em que impulsionam a eficiência produtiva.

O olhar perspicaz de um recém-chegado ao mercado suinícola deu origem ao trabalho intitulado “Terminação de suínos com enriquecimento ambiental”, premiado na categoria bem-estar animal do Prêmio Quem é Quem para a Cooperativa Agroindustrial (Coopavel) neste ano.  João Vitor de Almeida, então estudante do curso de Agronomia no Centro Universitário Assis Gurgacz (FAG), conduziu, em 2019, a pesquisa, ao mesmo tempo em que iniciava a sua jornada na suinocultura na granja de sua família. A inspiração para o trabalho surgiu da análise do atual cenário do mercado. 

Com o aumento da intensificação na produção de carne suína, os animais estavam vivendo em espaços cada vez mais limitados, resultando em desafios relacionados ao bem-estar animal. “O meu objetivo principal era descobrir maneiras de aprimorar a qualidade de vida dos suínos, mesmo em ambientes confinados, ao mesmo tempo em que buscava melhorias econômicas para a granja”, conta.

Os resultados práticos do estudo, de acordo com Almeida, mostram que ao introduzir elementos que permitiam que os suínos expressassem comportamentos naturais, como a exploração e o enriquecimento sensorial, é possível reduzir significativamente o estresse. Além disso, a abordagem tem mostrado impactos positivos diretos na economia da produção de carne suína, com suínos apresentando um aumento no ganho de peso, uma melhora na conversão alimentar e uma diminuição na necessidade de medicamentos veterinários, resultando em ganhos financeiros notáveis.

Enriquecer gastando pouco

Quanto à escolha dos móbiles e objetos de enriquecimento, o processo envolveu uma cuidadosa avaliação e desenvolvimento de protótipos. Almeida  explica que “baseados em estudos que indicavam quais objetos eram mais explorados pelos suínos, escolhemos aqueles que tinham maior atração pelos animais”. Esse critério não apenas maximizou a eficácia do enriquecimento, mas também levou em consideração a viabilidade econômica, priorizando objetos de custo reduzido.

Nesse contexto, os móbiles suspensos se mostraram a escolha mais eficaz. Eles não apenas estimularam a exploração natural dos suínos, mas também promoveram atividades físicas. Para colocar os ganhos em prática, o agora agrônomo premiado, conta que é preciso explorar a criatividade. “O importante é criar maneiras de interação e estimulação para os animais, proporcionando um ambiente enriquecido. Além disso, é fundamental considerar recursos de baixo custo para tornar a prática acessível e sustentável economicamente”.Quando se trata do reconhecimento que o trabalho recebeu, o agrônomo  compartilha sua gratidão: “Meu trabalho de conclusão de curso foi premiado como o melhor da FAG Agronomia e receber o prêmio Quem é Quem – Maiores e Melhores Cooperativas Brasileiras de Aves e Suínos – foi uma honra. No entanto, meu verdadeiro prazer está em compartilhar meu conhecimento e experiência para que outros produtores também possam melhorar o bem-estar dos suínos e obter ganhos econômicos em suas operações”.

E isso já é uma realidade: Gustavo Bernart, supervisor de Fomento Suínos da Coopavel revela que 70% das granjas cooperadas já implementaram o enriquecimento ambiental. “A cooperativa Coopavel sempre apoiou esse trabalho, que nos ajudou a padronizar e difundir o enriquecimento ambiental, que é um dos temas primordiais do bem-estar animal. O apoio sempre foi muito presente e, até hoje, estamos trabalhando nisso”.

Bernart  comenta que acompanhou de perto todas as etapas do trabalho. “Desde o começo, quando o João começou a falar e querer fazer o TCC dele sobre o  tema, como filho de suinicultores, demos total apoio. Vimos que era um assunto  muito oportuno. A questão do bem-estar animal é um caminho sem volta, pois favorece tanto ganhos em índices técnicos quanto para o animal, que se expressa em seu comportamento natural, e para a sociedade em si, que se beneficia de produtos de alta qualidade”.

Ao falar da relação com a cooperativa, Almeida  destaca o papel crucial da Coopavel: “A parceria foi fundamental para a realização do projeto, fornecendo suporte logístico, equipamentos e acompanhamento veterinário. A colaboração entre a cooperativa e minha família foi uma história de sucesso na implementação do enriquecimento ambiental”.

Para Bernart, a premiação mostra mais do que reconhecimento: “A conquista não se deve apenas ao prêmio em si, mas sim à dedicação dos produtores que desejam fazer a diferença na produção de carne suína, oferecendo produtos de alta qualidade. Esse prêmio é muito importante para a cooperativa, pois sem esses produtores dedicados, não conseguiríamos alcançar nossos objetivos. Além disso, sempre pensamos no lado do animal, em permitir que ele expresse seu comportamento natural. Respeitamos esse aspecto e, como profissionais, colhemos os resultados desse comprometimento”.