A responsabilidade do médico veterinário junto ao consumidor aumentou. Num mundo cada vez mais complexo, seu papel como interlocutor entre a indústria alimentícia e a sociedade ganhou importância. Sua atuação não se restringe apenas para dentro e fora da porteira, cabe a ele dialogar com a sociedade, atestando a qualidade e a segurança da produção de alimentos. A opinião é de Marcos Rostagno, médico veterinário e Consultor Técnico Global da Elanco.
De acordo com Rostagno, a crescente urbanização prejudicou a compreensão das pessoas de como se dá o dia-a-dia da produção no campo. “Vivemos o que chamo de analfabetismo agrícola. As pessoas têm pouca familiaridade com o que acontece no campo. É muito difícil para o consumidor urbano, por exemplo, entender como funciona uma granja de suínos”, observa.
Já o avanço das novas tecnologias de comunicação, argumenta Rostagno, ao mesmo tempo em que amplia e democratiza o acesso ao conhecimento, favorece a disseminação de informações equivocadas sobre a produção de alimentos, sobretudo da indústria de proteína animal. “Passamos do acesso a informação ao excesso de informação”, avalia.
O resultado dessa combinação é um consumidor cada vez mais exigente, desconfiado e cético. “O consumidor atual tem a impressão de que o produtor não dá a atenção devida ao que ele quer. Ele está sempre com o ‘pé atrás’ e tem aversão ao risco na hora de consumir alimentos”, afirma. Segundo o especialista, o consumidor contemporâneo quer um alimento seguro, barato, nutritivo e que tenha sido produzido de maneira ética e sustentável.
Médico veterinário como formador de opinião
Diante dessa realidade, cabe ao médico veterinário atuar também como um formador de opinião, colocando-se como um mediador entre a sociedade e a indústria alimentícia. “Os médicos veterinários necessitam liderar esta comunicação atuando de forma proativa, através de diversas vias. Historicamente, nossa resposta tem sido baseada na Ciência, mas a sociedade e o consumidor se baseiam nas emoções”, afirma. “Os consumidores desejam informações acadêmicas, mas não estão interessados em informação acadêmica. Precisamos ser proativos, atuando como agentes de comunicação e esclarecimento, fazendo a ponte entre o setor produtor de alimentos e a sociedade”, finaliza.