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Nasce uma campanha pela chefia da FAO

Segundo Roberto Rodrigues, chegou a hora de um país agrícola liderar a entidade.

Nasce uma campanha pela chefia da FAO

O Brasil deveria aproveitar sua posição de destaque no tabuleiro agrícola global e apresentar um candidato à direção-geral da FAO, o braço das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação cujas eleições estão previstas para 2011. A posição foi defendida por ex-ministros da Agricultura do país durante evento de lançamento do World Agricultural Forum (WAF), ontem em São Paulo. O WAF será realizado em Brasília no mês que vem.

Para os ex-ministros, um sul-americano no comando da FAO permitiria que a região, que já é uma produtora agrícola das mais expressivas e tem grande potencial para ampliar a oferta, tivesse um representante no órgão da ONU à altura de sua importância. “Faz 16 anos que um senegalês [Jacques Diouf] está à frente da FAO. Antes disso, foram 16 anos de um libanês [Edouard Saouma]. São pessoas competentes, mas não são de países agrícolas”, afirmou Roberto Rodrigues, que foi ministro nos primeiros anos do governo Lula.

“Caberia ao WAF propor que um brasileiro seja o novo presidente [da FAO]”, acrescentou Rodrigues, lembrando que essa é uma decisão de governo. O evento de maio, o primeiro promovido pela organização não-governamental na América Latina, deverá discutir metas de produção agropecuária em um contexto que inclui a região, especialmente a América do Sul, como aquela capaz de dar uma resposta à crescente demanda global por alimentos.

Rodrigues disse já ter conversado com representantes do governo brasileiro sobre o assunto. “Aparentemente, houve uma aceitação razoável”. Para Rodrigues, seria necessário “melhorar a gestão da FAO, reformá-la e transformá-la naquilo para o que ela foi criada: um organismo que trate de agricultura e alimentação”.

Segundo a FAO, a demanda global por alimentos crescerá 70% até 2050. E a entidade ainda prevê que os países sul-americanos e a África subsaariana serão as regiões com maior capacidade de atender aos novos consumidores de países emergentes, que liderarão o crescimento da população global – que deve saltar dos atuais 6,7 bilhões para 9 bilhões de habitantes período.

“Queremos criar uma nova FAO, é isso que eu pretendo, ou melhor, o que eu proponho”, declarou Rodrigues, ressaltando que já tem um candidato para sugerir: o pesquisador e ex-presidente da estatal Embrapa, Silvio Crestana.

Também presente, Pratini de Morares, ex-ministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou que o Brasil teria pelo menos seis nomes em condições de disputar a direção da FAO. Pratini reforçou que é preciso reformar a FAO, que “gasta 42% de seu orçamento com a sua sede”.

Segundo Rodrigues, se o Brasil quiser mesmo ocupar a cadeira mais importante da FAO, é importante que o Brasil estruture logo sua candidatura. “Os conchavos começam no segundo semestre deste ano”, disse ele. O diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, por sua vez, afirmou que um órgão como a FAO poderia ter uma atuação mais forte em questões relacionadas ao comércio mundial, visando à queda de barreiras.

E para Miguel Campos, ex-ministro da Agricultura da Argentina, o fórum internacional de maio pode ser um bom momento para a região lançar o seu candidato. “A conferência tem que ter algo de impacto”, destacou o político.