A granja Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (Nepsui), localizada no Instituto de Ciências Agrárias em Montes Claros (MG), obteve uma certificação internacional em bem-estar animal, tornando-se a primeira granja experimental nas Américas e a terceira de produção no Brasil a conquistar esse selo.
Essa unidade de produção de ciclo completo é reconhecida no Brasil pelo seu pioneirismo na implementação de tecnologias avançadas. O destaque vai para o uso da inteligência artificial (IA) na análise comportamental dos animais. A granja utiliza esta tecnologia em estações de alimentação inteligentes e balanças de precisão, combinadas com chips RFID que permitem aos leitões se alimentarem de forma autônoma nas baias. Isso proporciona condições para os pesquisadores compreenderem e atenderem às demandas diárias dinâmicas dos animais, melhorando os índices reprodutivos, imunológicos e de bem-estar. Todo o processo é monitorado por câmeras.
A auditoria para a certificação, denominada FairFood, foi conduzida em novembro por uma entidade certificadora de terceira parte, acreditada pelo International Accreditation Forum (IAF), um órgão internacional que regulamenta as atividades desse tipo de organismo.
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Investimento em Inteligência Artificial para o Desmame O Nepsui recentemente investiu no Laboratório de Inteligência Artificial para Suínos (Liasui). Este laboratório é destinado a leitões em fase de desmame (dos 24 aos 70 dias de idade) e analisa o comportamento dos animais nesse período crítico, caracterizado pelo elevado índice de estresse devido à separação da mãe e à mudança na alimentação, passando do leite para a ração.
O sistema do laboratório é composto por máquinas de alimentação interligadas a quatro câmeras de inteligência artificial que monitoram os animais 24 horas por dia, traduzindo as informações em imagens e gráficos. O professor Bruno Silva, coordenador do Nepsui, destaca que na América Latina, a instituição não é apenas o único centro de pesquisa, mas também a única unidade de produção de suínos que detém essa tecnologia. Ele explica que a IA possibilita a identificação do comportamento alimentar dos leitões em tempo real e o monitoramento constante do seu crescimento, praticamente de hora em hora.
Além de proporcionar a compreensão do comportamento alimentar dos animais, os dados obtidos no laboratório subsidiam a formulação de estratégias nutricionais e alterações ambientais que podem interferir no consumo e ganho de peso dos leitões. O coordenador enfatiza que o laboratório coloca a instituição na vanguarda da pesquisa em nutrição de suínos, especialmente nas fases iniciais, permitindo dimensionar o potencial dos avanços e estratégias nutricionais no desempenho dos animais.
Nesta entrevista à TV UFMG, o professor Bruno Silva dá mais detalhes sobre a granja de suínos do campus Montes Claros.
Fonte: UFMG.