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Mercado Externo

Sinais contraditórios enviados pela China aos mercados de commodities

O país tenta se equilibrar entre garantir a oferta de matérias-primas para alimentar a expansão e, ao mesmo tempo, proteger os consumidores dos preços em alta

Sinais contraditórios enviados pela China aos mercados de commodities

Os mercados de commodities da China têm recebido mensagens contraditórias do governo.

Poucas horas depois que a agência estatal de planejamento econômico chinesa subiu o tom contra a alta dos preços das commodities, ameaçando “especuladores e acumuladores” com penalidades por violações, o primeiro-ministro Li Keqiang defendeu fortalecer ainda mais as importações de matérias-primas, armazenamento e transporte.

As diretrizes aparentemente discordantes destacam a corda bamba trilhada pelo governo para segurar a inflação e preservar o crescimento econômico. O país se vê diante de um equilíbrio delicado entre garantir a oferta de matérias-primas para abastecer a expansão por um lado, e, por outro, proteger consumidores do impacto dos preços em alta. O boom das commodities reforça temores de que a inflação possa prejudicar o crescimento econômico da China e de outros países.

A observação de Li “os contradiz um pouco” em sua retórica de esfriar os mercados de commodities, disse Michael Cuoco, responsável por vendas de fundos de hedge para metais e matérias-primas a granel no StoneX Group. “É evidente que a China gostaria de pagar um preço mais baixo pelas commodities de que mais precisa. Portanto, adicione alguns regulamentos, escrutínio e retórica forte para eliminar os maus atores. E veja se os preços vão cair ao mesmo tempo.”

A demanda da China, a maior consumidora global de commodities, tem sido um dos principais fatores de impulso dos preços. Durante uma inspeção na Província de Zhejiang, o primeiro-ministro disse que a produção de bens de varejo depende das matérias-primas e, em meio ao aumento contínuo dos preços de algumas commodities desde o início do ano, “espero que vocês façam um bom trabalho na importação, armazenamento e transporte de commodities e construam uma base estratégica de trânsito de commodities a granel”.

Há algumas evidências de que a pressão para desacelerar os preços das commodities está surtindo efeito: as cotações dos metais perderam força nas últimas semanas enquanto operadores e investidores avaliam a postura do governo chinês.

Ainda assim, alguns analistas dizem que, em mercados como o de cobre, com alta demanda global e oferta apertada, o alcance do governo pode ser limitado. Os preços do cobre se recuperaram após uma queda inicial devido ao alerta da China sobre os preços elevados.

“Não acho que a China possa fazer muito quando se trata do cobre”, disse Max Layton, analista do Citigroup, em entrevista à Bloomberg TV. “Não acho que a China vai desacelerar seu crescimento apenas para limitar os preços das commodities.”