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Entrevista

Suinocultura Industrial Entrevista: 5 perguntas com Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

Suinocultura Industrial Entrevista: 5 perguntas com Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

“A logística ainda é um gargalo, pois a maior parte da produção brasileira de suínos encontra-se na região sul, enquanto a produção de grãos é maior no centro-oeste e a ligação destas regiões ainda é sobre rodas”

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, fala sobre o cenário da suinocultura no Brasil e o papel da entidade no desenvolvimento sustentável da atividade na edição N°316 da Suinocultura Industrial:

Quais são as expectativas da ABCS para o setor de suinocultura  em 2024 em termos de crescimento e desenvolvimento?

Marcelo Lopes – Esperamos um crescimento da produção de  4%, com exportações também crescentes. O setor ainda se encontra muito endividado devido a longa e profunda crise enfrentada nos últimos anos, mas para 2024 a expectativa é de que as margens sejam positivas.

Quais são as principais oportunidades e desafios que o setor de suinocultura  enfrentará em 2024?

Marcelo Lopes – Com um crescimento razoável da produção previsto (4%) oportuniza conquistar mais espaço na mesa do consumidor brasileiro, aumentando ainda mais o consumo per capita, que já ultrapassou os 20 kg/habitante/ano. 

Sem dúvida, o grande desafio é o mercado de insumos. Ainda é cedo para afirmar com grande certeza, pois estamos começando a colheita da safra verão em algumas regiões e, no caso do milho, por exemplo, grande parte da produção nacional (segunda safra) ainda nem foi plantada. O que podemos afirmar é que o clima este ano, com a ocorrência do El Niño, está bem mais adverso que na safra passada e deve determinar menor produção no Brasil. 

Porém, é preciso entender que o preço dos principais insumos da suinocultura (milho e soja) são internacionais e há uma expectativa de maior oferta no mercado mundial com outros países produzindo mais que no período passado. Acreditamos que, na média, os custos devem subir mais que no segundo semestre de 2023, mas dificilmente alcançarão os patamares de 2022 ou início de 2023, quando a elevação das cotações impossibilitou lucro na atividade.

Quais são os principais mercados de exportação para a carne suína brasileira atualmente? Há planos de expansão para novos mercados?

Marcelo Lopes – Embora tenha reduzido sua participação, a China continua sendo o principal destino da carne suína brasileira in natura, fechando 2023 com 34% dos embarques (367 mil toneladas). Hong Kong e Filipinas completam o pódio  com volumes muito parecidos, próximo de 110 mil toneladas cada uma. Na sequência, Chile (87 mil toneladas), Singapura (63 mil ton), Uruguai e Vietnã (47 mil ton, cada) e Japão (39,5 mil ton). Estes 8 destinos representaram, em 2023, quase 80% de toda exportação de carne suína brasileira de um total de 1,088 milhão de toneladas.

Como a ABCS avalia o impacto das recentes aberturas comerciais e acordos internacionais no mercado de carne suína brasileira?

Marcelo Lopes – Sem dúvida, está havendo um movimento de pulverização das exportações, reduzindo a dependência da China que já representou mais de 55% dos nossos embarques. A redução da produção europeia ajudou na abertura de novos mercados na Ásia. Além disso, nossa produtividade e sanidade são atributos que determinam alta competitividade lá fora. O México foi um grande mercado comprador que se abriu em 2023, mas no final do ano, por pressões internas dos produtores locais, se fechou novamente.

Quais são as medidas que a ABCS considera essenciais para garantir a competitividade da carne suína brasileira nos mercados internacionais?

Marcelo Lopes – Do ponto de vista do produtor é preciso que o crédito para investimento e custeio seja melhorado tanto em limites, quanto em redução de juros, o que permitiria acelerar o processo de agregação de tecnologia com vistas a aumentar a produtividade e se adequar às crescentes  exigências dos mercados consumidores doméstico e internacional. 

Por outro lado, a logística ainda é um gargalo, pois a maior parte da produção brasileira de suínos encontra-se na região sul, enquanto a produção de grãos é maior no centro-oeste e a ligação destas regiões ainda é sobre rodas. 

Na sanidade acreditamos que a continuidade do programa Brasil Livre de Peste Suína Clássica para erradicação desta enfermidade na zona não livre, que envolve 11 Estados do Norte e Nordeste, é fundamental para dar mais segurança sanitária a todo rebanho brasileiro, além de abrir uma nova fronteira de produção e consumo de carne suína no país.