A Dinamarca anunciou que será o primeiro país do mundo a introduzir uma taxação sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes da pecuária. O imposto, que entrará em vigor em 2030, faz parte de um pacote ambicioso de medidas ambientais que visa transformar o setor agrícola e reduzir emissões de poluentes.
Entre as medidas, destaca-se um imposto inicial de €16 por tonelada de dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄) emitidos, valor que subirá para €40 em 2035. A mudança, descrita pelo governo como a maior transformação do campo dinamarquês em um século, conta com amplo apoio político, incluindo partidos da oposição.
Impacto no setor agropecuário
As novas regulamentações devem afetar especialmente os produtores de leite e carne bovina. Estima-se que cada criador pagará cerca de €130 por vaca anualmente, incentivando a transição para uma agricultura mais intensiva e em larga escala.
Além disso, o plano prevê reduzir emissões de nitrogênio em 13.780 toneladas por ano até 2027. Desse total, 6.500 toneladas devem ser alcançadas com técnicas agrícolas mais eficientes, enquanto o restante será compensado pela retirada de terras agrícolas de produção.
Conversão de terras para preservação ambiental
O governo dinamarquês destinará DKK43 bilhões (aproximadamente €6 bilhões) para adquirir terras agrícolas de forma voluntária, com o objetivo de criar 250.000 hectares de novas florestas e 5 novos parques nacionais. Até 2045, 10% do território dinamarquês será convertido em áreas naturais ou florestais.
Outras 140.000 hectares de terras baixas deixarão de ser cultivadas, promovendo a preservação de recursos hídricos e a recuperação de ecossistemas.
Contexto e justificativas
A decisão reflete um acordo prévio entre governo, setor agrícola, indústria e sindicatos para atingir metas ambientais. Um relatório consultivo de 2022 concluiu que taxar os agricultores seria a maneira mais eficiente de reduzir emissões, considerando as medidas voluntárias insuficientes.
Assim como na Dinamarca, países como Holanda e Bélgica enfrentam desafios com as emissões de nitrogênio, que atualmente chegam a 50.000 toneladas anuais por hectare no país.
Um modelo para o futuro?
A Dinamarca se posiciona como pioneira em iniciativas que integram preservação ambiental e responsabilidade econômica. Se bem-sucedida, a estratégia pode influenciar outros países a adotarem medidas semelhantes, sobretudo diante das crescentes demandas globais por sustentabilidade na produção agropecuária.