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"Vilão" em 2008, fertilizante terá custo menor

A crise mundial deverá promover um mercado mais refinado, tanto para fertilizantes como para grãos e carnes.

Redação (12/01/2009)- A balança do agronegócio perde com grãos e carnes, mas deverá ganhar com fertilizantes. Um dos principais custos dos produtores nos últimos anos, os gastos com adubos e fertilizantes devem ter peso menor de US$ 3,5 bilhões na balança neste ano, segundo Victor Abou Nehmi Filho, gerente da Sparta, administradora de fundos de investimento.

Demanda menor e estoques elevados vão segurar os preços. Fertilizantes sofrem pressão dos custos de energia e da variação cambial. Mas, como o petróleo recuou mais do que o dólar subiu, espera-se ganho ao produtor na equação, diz Leonardo Sologuren, da Céleres.

A crise mundial deverá promover, no entanto, um mercado mais refinado, tanto para fertilizantes como para grãos e carnes. A parcela mais arriscada desse comércio vai sumir, segundo Nehmi.

Os frigoríficos, por exemplo, preferem redirecionar a carne para o mercado interno, aumentando a oferta e reduzindo os preços, do que vender para importadores internacionais duvidosos. Internamente, as vendas para grandes redes têm pagamento garantido.

A retração de demanda, a falta de crédito e o medo de negociações externas com importadores duvidosos fizeram os frigoríficos deixar uma cota extra de 150 mil toneladas no mercado interno em novembro. Essa carne deveria ter saído do país, de acordo com Nehmi.

A demanda menor deve continuar, e as carnes podem ter as maiores quedas nas receitas do agronegócio em 2009. Nos cálculos de Nehmi, as exportações caem 30% em volume, e o valor médio deve recuar de 40% a 50%. As receitas de 2008, que chegaram a US$ 14,5 bilhões, podem cair pela metade.

Já no complexo soja, líder de receitas no agronegócio, os volumes exportados não recuam, mas os preços, sim: cerca de 30%. Com isso, a receita cai dos US$ 18 bilhões de 2008 para US$ 14 bilhões neste ano.

O mesmo ocorre no setor florestal, em que o mercado externo tem forte dependência do Brasil, principalmente na importação de celulose. O volume tem pouca queda, mas a redução de preços vai forçar a redução de 20% nas receitas neste ano, para US$ 6,9 bilhões.

O setor sucroalcooleiro, importante para a balança, terá perdas menores. A desvalorização do real dará mais vantagem às exportações de açúcar do que às vendas internas de álcool, que estão com os preços inalterados, em reais, há várias safras, diz Nehmi. O setor deve obter US$ 4,9 bilhões.