Redação (21/05/2008)- Um acordo sobre o comércio global, que vem sendo aguardado há muito tempo, encontra-se agora na reta final, afirmaram ontem mediadores para as negociações nas áreas industrial e agrícola.
No entanto, um dia depois de a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter divulgado novas propostas para os produtos agrícolas e industrializados, empresas e fazendeiros dos EUA e da União Européia (UE) protestaram devido ao fato de os textos revisados não terem ido longe o suficiente para abrir os mercados dos países em desenvolvimento.
"Qualquer um pode perceber claramente agora o cume que vocês estão tentando escalar", afirmou o embaixador da Nova Zelândia na OMC, Crawford Falconer, que preside as negociações para o setor agrícola.
Os textos revisados e divulgados na segunda-feira representam o estágio mais recente da rodada de negociações de Doha, iniciada no final de 2001, mas desde então prejudicada por desavenças entre nações ricas e as pobres. O objetivo do processo é abrir os mercados e ajudar os países em desenvolvimento a exportarem mais.
Os textos criam caminhos para que um encontro de ministros acerte o esboço de acordo adotando as decisões políticas de peso a respeito da profundidade dos cortes nos impostos e nos subsídios. Há ainda alguns detalhes a serem acertados, não há previsão sobre quando ocorreria esse encontro.As negociações no setor agrícola são fundamentais para toda a rodada de Doha, e as negociações nas outras áreas aguardam o resultado do diálogo sobre os produtos agrícolas, o que fez com que o embaixador do Canadá junto à OMC, Don Stephenson, que comanda as negociações sobre os produtos industrializados, manifestasse frustração devido à ausência de progressos claros até agora.
"O que me faz ter esperanças é que estamos chegando perto do fim do processo. Estamos chegando em um ponto no qual as questões agrícolas tornam-se claras o suficiente para garantir a adesão de todos", afirmou. Os elementos de um acordo final, porém, não estão claros.
Os EUA cortarão os subsídios que distorcem o mercado agrícola eliminando a concorrência dos produtores de países pobres. A UE abrirá seus mercados de produtos alimentícios cortando os impostos cobrados nesse setor. E os países em desenvolvimento abrirão seus mercados para as empresas de manufaturados vindas dos países ricos.
Entre os demais elementos do acordo, estariam incluídos uma intensificação das trocas comerciais sul-sul e a liberalização de setores de serviços como o bancário e o de telecomunicações.
Os países em desenvolvimento desejam ficar isentos de alguns cortes fiscais a fim de proteger os que dependem de uma agricultura de sobrevivência e seus setores industriais ainda frágeis.