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Agronegócio, mais uma "marca Brasil"?

Há tempos o Brasil é considerado um potencial "celeiro do mundo", devido às suas dimensões continentais, terras férteis e condições climáticas favoráveis para o cultivo da maior parte dos produtos agrícolas.

Redação (13/05/2008)- Agora, parece que essa expectativa está prestes a se concretizar. Nunca estivemos tão próximos de atingir o status de líder no chamado agronegócio e essa oportunidade acontece exatamente quando o mundo enfrenta uma alta no preço dos gêneros alimentícios. Temos hoje uma das agriculturas mais modernas e produtivas do mundo, não só em alimentos, mas também na produção de fontes energéticas renováveis, entre as quais o etanol é a mais destacada. Foram necessários anos de pesquisa e avanço tecnológico para que alcançássemos essa posição. A pergunta agora é: para onde vai o agronegócio brasileiro?
O governo dá claras indicações de quais entre as novas fronteiras a serem exploradas estão a África e a América do Sul. Com a Venezuela, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já realiza intercâmbios técnicos desde março, quando inaugurou um escritório no país. E recentemente outro escritório comercial foi aberto em Gana, sinalizando que o avanço do agronegócio com a "Marca Brasil" será um processo planejado, bem de acordo com uma demanda que a iniciativa privada já está comprovando na prática (e lucrando com ela, trazendo divisas para o país).

Hoje, detemos a tecnologia que interessa a muitos países. Do interior de São Paulo, empresas de gestão na área agrícola estão exportando serviços para a Europa, Estados Unidos e países da América do Sul, como a Venezuela, que tem problemas para garantir o abastecimento interno de alguns produtos específicos. A transferência de tecnologia, portanto, será tanto de soluções de logística, nas quais o Brasil detém reconhecido know-how, quanto na adaptação e manejo de cultivares. A Venezuela é, enfim, um caso emblemático, pois há recursos e a disposição de investir.
O portfólio das empresas brasileiras de tecnologia aplicada ao agronegócio é extenso. Entre outros fatores, esse expertise permitiu que o Brasil alcançasse no ano passado uma safra recorde. Os números são incontestáveis. Sem que fosse necessário aumentar em larga escala o espaço territorial ocupado pelas lavouras, o Brasil dobrou sua produção agrícola em pouco mais de 15 anos.
Mas atingir a ponta em tecnologia tem um preço, e é chegado o momento de investir em um programa de capacitação para afirmarmos essa posição, e não sucumbirmos à presença de outros players que também desejam a liderança do agronegócio. O salto definitivo de nossa agricultura será dado pela inovação tecnológica em permanente evolução. Poderemos perder a batalha se não houver mecanismos que assegurem nossa competitividade.
Outro aspecto a ser considerado é o convívio com a pressão ecológica, que será cada vez maior nos próximos anos. O Brasil precisa demonstrar ao mundo que é capaz de evoluir em sua tecnologia agrícola sem devastar suas reservas ambientais.
O Brasil precisa também sacramentar novos acordos e tratados internacionais para a área agrícola. É natural que o governo atue como orientador e tenha políticas agrícolas bem traçadas, definidas de acordo com a perspectiva otimista que se desenha. Obviamente, para isso, ele precisa dialogar com a indústria do agronegócio, e é este o momento adequado para incentivarmos essa aproximação.