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Argentina e chuva nos EUA elevam valor da soja no Brasil

Os prêmios nos portos, que nessa época do ano costumam ser de descontos de 30 a 50 centavos de dólar por cada bushel (27,2 quilos), estão com ágio de 20 centavos.

Redação (24/06/2008) – O agravamento da greve argentina e as chuvas no Meio Oeste americano vêm inibindo o embarque do complexo soja nesses países e trazendo mais compradores ao Brasil. O resultado é que, diferentemente do que ocorre nessa época do ano, o exportador mundial está pagando mais pela soja brasileira. Os prêmios nos portos, que nessa época do ano costumam ser de descontos de 30 a 50 centavos de dólar por cada bushel (27,2 quilos), estão com ágio de 20 centavos.

"O prêmio teve melhora de 20 a 30 pontos, dependendo do porto. Isso representa um adicional de US$ 7a 10 por tonelada, cerca de 2% de valorização", explica Paulo Baraldi, da Soma Corretora. Nos portos argentinos, os descontos indicavam 35 centavos de dólar por bushel. "Lá a oferta de soja é grande, no entanto, está represada por causa da paralisação", explica David Gonçalves, consultor de gerenciamento de risco da FCStone.

No porto de Rio Grande (RS), por exemplo, os descontos vêm desaparecendo desde o dia 2 de junho, quando de 70 centavos negativos, avançou para 10 centavos negativos e encerrou no dia 5 em zero. No dia 10, já havia prêmio de 10 centavos de dólar por bushel, valor que ontem se manteve a alta seguida de quatro dias em 20 centavos de dólar. Nesse mesmo período de 2007 – entre 2 e 23 de junho – esses valores no mesmo porto variaram de um deságio de 30 centavos para um desconto ainda maior de 50 centavos por bushel. "Prêmios para essa época do ano são incomuns.

Além da crise argentina, as chuvas no Mississipi (EUA), que atrapalham o embarque no país, também explicam esse movimento anormal no Brasil", detalha Gonçalves. Segundo ele, esses prêmios positivos para esta época do ano são ainda mais incomuns porque a soja na Bolsa de Chicago se valorizou 10,6% no período de 2 e 23 de junho. "De forma geral, os prêmios nos portos seguem sentido oposto ao preço em Chicago. Mas, por mais que os preços estejam altos na bolsa americana, os descontos sumiram e se tornaram ágios. Isso significa que a demanda internacional continua muito aquecida, apesar de preços mais altos da soja", avalia o consultor.

Para farelo e óleo de soja, o movimento nos portos brasileiros também estão positivos. "Os prêmios estão mais fortalecidos do que a média", completa Gonçalves. No caso do farelo, o porto de Paranaguá está pagando 17 centavos de dólar por libra-peso a mais do que a cotação de Chicago, valor que, na média dos últimos nove anos, é de mínimo de um desconto de 10 centavos de dólar e máximo de desconto de 40 centavos de dólar por libra-peso. Para o óleo, o valor também está com desconto de US$ 1 centavos, quando o mínimo histórico é de desconto maior, de 3,5 centavos.

As estatísticas de exportações de soja do Brasil mostram embarques maiores neste ano, no entanto, a expectativa é que o reflexo da paralisação na Argentina, vá se apresentar mais a partir dos números de junho.

De janeiro a maio, o Brasil exportou 10,2 milhões de toneladas de soja em grão, 5,6% maior que os 9,6 milhões de toneladas de igual período de 2007. "Entendo que até maio, as indústrias na Argentina – que estão localizadas vizinhas à região portuária – tinham estoques para funcionarem e exportar. Acredito que o impacto ao Brasil pode aparecer nas estatísticas de junho", diz Fábio Trigueirinho, secretário-geral Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Ontem, a cotação da soja na CBOT recuou 1,1% para US$ 15,17 por bushel. De acordo com Gonçalves, o recuo foi reflexo de notícias de melhora climática nas lavouras de soja americanas e de boatos do fim da greve na Argentina.