Redação (25/06/2008)- A questão do emprego sempre é uma discussão importante. Empregar a mão-de-obra ou o cérebro-obra é uma preocupação constante da sociedade, seja dos governos, das empresas ou dos profissionais.
O agronegócio, segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), é responsável por 35% dos empregos do país o que representa em torno de 12% da população economicamente ativa (PEA). Isso é um dado relevante e deve ser levado em consideração para quem pensa em definir um futuro profissional.
O agronegócio, anteriormente visto com relativo desdém pelos profissionais de formação mais elaborada e pelos grandes centros de desenvolvimento profissional começa a fazer parte do currículo de muitas instituições de ensino, inclusive em cursos sem relação direta com a área.
Há bem pouco tempo, para a maioria da população, agronegócio era sinônimo de lavoura e pecuária, cheirava a capim e o som principal era mugido de vaca ou ronco de trator. Por conseguinte, os profissionais se limitavam principalmente a engenheiros agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas. A maioria com formação produtivista.
Isso mudou completamente, assim como as próprias formações. O agronegócio tem sido visto como um setor de amplas oportunidades profissionais. Grandes e novas atividades têm surgido já há algum tempo em torno da integração à economia mundial que o agronegócio consolidou.
Os fundos de pensão, os grandes bancos, as tradings, as agências de analise econômica, os sistemas financeiros mundiais, a pesquisa, o ensino e demais estruturas de suporte e desenvolvimento integraram-se ao processo econômico do agronegócio.
Para entendermos como existe esse vasto caminho de oportunidades para o trabalho basta considerarmos alguns números da potencial expansão alimentar e populacional no planeta.
A expectativa é de que o mundo passe de 6,7 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões até 2050. Associado ao aumento populacional está a migração dos ambientes rurais para os centros urbanos, principalmente nos países em desenvolvimento ou naqueles prestes a entrar no grupo. Devemos lembrar que mais da metade da população mundial ainda é rural ou localiza-se em aglomerados rurais.
Associado ao processo populacional, a distribuição do PIB também vai influenciar a demanda. Se considerarmos somente um comparativo entre o G7 e os países do BRIC’s veremos que, até 2050, o primeiro grupo sairá de quase US$ 30 trilhões para US$ 64 trilhões. Em contrapartida, o BRIC’s sairá de algo em torno de US$ 5 trilhões para US$ 90 trilhões no mesmo período. O que significa uma gigantesca mudança de rumo.
Do lado da oferta, países como o Brasil e principalmente regiões em desenvolvimento como o centro-oeste e parte do norte-nordeste tendem a se beneficiar com essa situação.
A expectativa se justifica por que além do aumento do consumo interno gerando pressão sobre as atividades, o Brasil é um dos poucos países que possui capacidade real de expansão produtiva. Seja em área ou em melhor aproveitamento das áreas utilizadas no momento.
Existem, é claro, alguns gargalos que precisam ser resolvidos, como por exemplo a capacidade produtiva debilitada pelos fertilizantes e os combustíveis fósseis, além da questão logística.
Por outro lado, abem-se novas oportunidades de solução como, por exemplo, as tecnologias alternativas de combustíveis e a tecnologia genética, representados pelos biocombustíveis e a própria genômica.
Com esse cenário surgem inúmeras oportunidades para os profissionais relacionados direta ou indiretamente ao agronegócio. Mas antes de tudo deve-se entender o agronegócio como um sistema e considerar que a produção agrícola está perdendo importância relativa na divisão da riqueza do bolo e por isso o perfil do trabalho também está mudando.
Seja qual for a sua formação, pense sistêmico e uma boa semana de Gestão & Negócios.