Redação AI 28/10/2004 – O setor avícola cearense só tem comemorado vitórias nos últimos anos. Qualidade na produção, aumento do plantel e do consumo dos produtos e até o surgimento de setores alternativos de criação de aves. Mas nem sempre foi assim. Até a década de 60 do século passado, sequer havia no Estado as intenções de criar galinhas e tornar essa atividade lucrativa. Foi só a partir desse período, quando o governo federal decidiu incentivar a criação de frango na Região Nordeste para produzir alimentos numa área carente, que se começou a perceber o potencial da atividade no Ceará. Hoje, o setor está industrializado, gera em torno de sete mil empregos diretos e, sozinho, é responsável por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário.
Além disso, o Ceará é o segundo Estado em produção de frangos e ovos na região Nordeste e ocupa a 11a. posição no ranking nacional. Num mercado extremamente competitivo, os avicultores vêm seguindo uma tendência de enxugar a quantidade de produtores, mas aumentar a produção. Dados da Associação Cearense de Avicultura (Aceav) mostram que, se há 10 anos havia 80 criadores no Ceará, hoje a estimativa é que o número chegue a 50. Desses, afirma o secretário executivo da Associação dos Avicultores, Sebastião Gomes de Medeiros Neto, a maioria é formada por grandes empresas – percentual estimado em 50% – e a outra metade fica dividida entre médios e pequenos produtores.
Mercado cearense
Junto às grandes empresas, a avicultura acaba criando uma cadeia produtiva que se caracteriza pela fixação do homem no campo, pela produção de proteína animal (frango e ovos) de alto valor nutritivo e acessível à população, devido ao baixo preço. Um quilo de frango tem valor mínimo de R$ 2,80 e a dúzia de ovos de R$ 2,00 no mercado de Fortaleza. A atividade caracteriza-se também pela geração de emprego e renda, com alcance na Região Metropolitana da Capital devido ao seu canal de comercialização que envolve micro, pequenos e médios abatedouros com perfil de atividade econômica familiar.
Para chegar a essa estrutura, entretanto, garante Neto, os empresários do setor precisaram investir e lutar muito por melhorias para a atividade.
Um dos principais entraves do setor é o custo de seus insumos (milho, soja, farelo de soja e trigo). Apesar de, tecnologicamente, a avicultura cearense ter evoluído tanto quanto ou mais do que a média nacional, como se situa distante dos centros de produção, acaba ficando em desvantagem na competição com o mercado brasileiro. Mesmo assim, é um dos estados com maior produção no País.