Redação (14/05/2008)- O setor está se organizando para pressionar o governo com o objetivo de que saia logo a autorização para importar milho. Os fornecedores seriam principalmente os Estados Unidos e a Argentina, países que cultivam transgênicos em grande escala. Nesse cenário, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, já sinalizou ser favorável ao pleito e espera que a liberalização ocorra ainda em 2008.
No entanto, devido ao protecionismo já enfrentado pelos brasileiros em outras questões – a exemplo do recente pesadelo em torno da rastreabilidade da carne bovina – os exportadores de frangos devem ficar atentos, pois os europeus sempre foram sensíveis ao tema dos transgênicos.
"Não acredito em perda de mercado para os exportadores de frangos, já que recentemente os europeus liberaram a utilização de algumas variedades de milho transgênico para o plantio e consumo na ração. No entanto, pode-se criar mais um ambiente de para exigir rastreabilidade", afirma Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercados. "Essa questão, que vejo mais como hipótese do que como tendência, pode tornar-se um problema mais político do que técnico", diz.
As empresas exportadoras de frangos já possuem programas de rastreabilidade. Mas como o setor quer padronizar a forma como é feita, a União Brasileira de Avicultura (UBA) entregou em fevereiro o plano integral de rastreabilidade para avaliação do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa). O plano ainda está em estudo, informou Clóvis Puperi, diretor executivo da UBA.
Para Francisco Turra, presidente da Abef, entidade que reúne os exportadores de frangos, a rastreabilidade será instrumento importante. "Eu também acho que a restrição [em relação aos transgênicos] por parte da União Européia e do Japão tende a perder o efeito. Mas ainda há países hoje que são mais duros, mais exigentes", comenta. "Para esses destinos, os exportadores podem comercializar frangos alimentados com matéria-prima natural, seguindo padrões exigidos por cada mercado", diz Turra.
Os representantes do setor informaram, ainda, que os europeus estão negociando com os Estados Unidos uma retomada de importações – os norte-americanos também são exportadores de aves e utilizam matéria-prima transgênica nas rações. Molinari, da Safras, diz que os europeus importam cortes do produto norte-americano.
No caso brasileiro, as exportações do setor para a Europa totalizaram US$ 9,521 milhões entre janeiro e abril deste ano. A receita foi 9,5% maior do que o obtido no mesmo período de 2007, quando a receita com exportações para o bloco atingiu US$ 8,708 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento (Mdic).