Da Redação 22/02/2005 – O forte crescimento nas exportações garantiu à Perdigão lucro líquido recorde de R$ 295,6 milhões em 2004. O valor é 139,3% superior ao resultado de 2003, informou ontem a companhia. A receita bruta da empresa no período cresceu 27,4%, para R$ 5,567 bilhões, e o faturamento líquido alcançou R$ 4,883 bilhões, aumento de 27,7%.
O resultado da Perdigão no quarto trimestre de 2004 também foi positivo, mas o crescimento foi mais modesto por conta dos efeitos da valorização do real sobre o dólar. O lucro líquido cresceu 16,9% sobre igual intervalo de 2003, para R$ 84,3 milhões. A receita bruta subiu 25,3%, para R$ 1,577 bilhão, e a receita líquida teve a mesma alta, totalizando R$ 1,365 bilhão.
Em função da valorização do real, “a receita com as exportações foi menor em cerca de R$ 20 milhões”, disse Wang Wei Chang, vice-presidente financeiro da Perdigão. Segundo ele, a empresa projetava um dólar de R$ 2,90 no quarto trimestre, mas a moeda americana fechou o período a R$ 2,6544.
Com a receita das vendas externas abaixo do esperado, margens e geração de caixa no trimestre foram afetadas. A margem bruta caiu de 31,7% no último trimestre de 2003 para 27,8% de outubro a dezembro de 2004. A margem líquida saiu de 6,6% para 6,2%. O EBITDA (geração de caixa) foi de R$ 155,2 milhões, 9,7% menor.
Custos maiores também contribuíram para a queda das margens no quarto trimestre, mas o impacto foi menos intenso. Segundo Chang, houve aumento nos custos de suínos por conta da menor oferta e das demandas externa e interna. Apesar do efeito nas margens, Chang fez questão de destacar que os resultados no trimestre foram positivos, com queda de R$ 100 milhões nos estoques e aumento de “mais de 10%” nos preços médios.
No acumulado de 2004, a Perdigão melhorou margens e gerou mais caixa. A margem bruta foi de 27,7%, ante 26,7% em 2003. A margem líquida atingiu 6,1%, contra 3,2% e o EBITDA cresceu 54,9% sobre 2003, para R$ 593,8 milhões.
Segundo Chang, o desempenho se deve ao aumento de 48,8% na receita com a exportação, que atingiu R$ 2,7 bilhões. “Conseguimos um aumento de 20,8% no preço médio de venda na exportação”. No mesmo período, os custos dos produtos exportados aumentaram 13,2%. Boa parte do aumento de preços foi obtido graças à maior demanda no Japão por causa da influenza aviária na Ásia.
Apesar de a renda disponível ainda não ter aumentado em 2004, as vendas internas da Perdigão cresceram 6,2%, para 532 mil toneladas. Ele projeta para este ano avanço de 9% nas vendas no mercado interno e na exportação. Para o executivo, o perfil de consumo deve mudar este ano, com aumento das vendas de bens não-duráveis como alimentos.
Para tentar driblar a valorização do real, a Perdigão busca elevar preços no exterior, principalmente em países que também têm suas moedas valorizadas ante o dólar. Outra forma de reduzir esse impacto é elevar a eficiência, reduzir custos e despesas e melhorar a produtividade, disse Chang, acrescentando que gostaria de um “dólar um pouco mais alto”, entre R$ 2,60 e R$ 2,70.