Redação (01/04/2008)- O bom momento agrícola brasileiro traz reflexos também para atividades como a suinocultura, uma das três principais no ranking agropecuário de Guaraniaçu, município de 18 mil habitantes a 70 quilômetros de Cascavel. O cenário é de recuperação, informa o presidente da Associação Municipal de Suinocultores, Artemio Rotta.
A boa safra de grãos e a recuperação dos preços das commodities no mercado internacional alavancam todo o setor primário e a suinocultura também sente esses efeitos, diz ele. A suinocultura amargou prejuízos por três anos seguidos e agora os preços reagem, observa o criador José de Paula Jorge Filho, tesoureiro da Associação dos Suinocultores de Guaraniaçu. O preço médio do quilo da carne suína hoje está em R$ 2,70, ainda abaixo dos R$ 3,30 que ele considera como minimamente rentável.
Porém, reconhece que o que já recebem é bem melhor daqueles valores de dois, três anos atrás. A crise da qual o segmento começou a se recuperar a partir de setembro foi a mais longa que seu Artemio, que está na atividade há 20 anos, já enfrentou. Os reflexos são duros e pode ser melhor entendido com um número, diz o presidente. No auge da sua criação de suínos, Guaraniaçu tinha mais de oito mil matrizes, atualmente são cerca de cinco mil. "Muitos produtores, cansados das oscilações desse mercado, deixaram a atividade. Outros, com a recuperação de agora, têm suas esperanças renovadas".
A carne suína, segundo José de Paula, é a mais consumida no mundo e isso por si só deveria sensibilizar o governo federal a criar uma política duradoura para o setor no Brasil. "Os criadores precisam de segurança e esse plano viria para justificar os investimentos já feitos e os novos. Merecemos ter um resultado adequado pelo nosso trabalho e não viver em uma espécie de agonia contínua, justamente porque não sabemos ao certo o quanto poderemos lucrar, ou até mesmo dimensionar o tamanho de um provável prejuízo", diz Artemio, presidente de uma entidade fundada há 20 anos e que tem 125 associados.
Um dos desafios do setor, de acordo com José de Paula, é criar meios de integrar o produtor em pequenos núcleos e, com isso, poder agregar valor à produção. "A integração não pode, para o bem da atividade no Brasil, ser a única opção do suinocultor".