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Brasil-China

Novo status da economia chinesa deve aumentar o intercâmbio entre os países.

Da Redação19/11/2004 – O governo brasileiro concedeu à China na semana passada o status de economia de mercado, em troca de acordos comerciais e políticos entre os dois países. Dos 148 países da OMC (organização mundial do comércio), apenas outros 22 reconheceram a economia chinesa como tal.

Com esta decisão, o Brasil perde liberdade e controle sobre os produtos chineses que entram no país, mas ganha espaço no grande mercado chinês. Apesar dos argumentos econômicos do governo federal, o acordo tem claras intenções políticas.

O Brasil tem aspirações políticas na ONU e o apoio chinês é importante para atingirmos estes objetivos”, disse Simão Silber, professor de economia internacional da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, referindo-se ao interesse brasileiro em se tornar membro do Conselho de Segurança da ONU.

Para Silber, alguns setores da indústria nacional serão bastante prejudicados, como o setor têxtil e de brinquedos, que enfrentam concorrência direta da indústria chinesa. Mesmo assim, Silber acredita que existe um “barulho exagerado” em torno da questão e que os acordos firmados “aumentarão o intercambio entre as partes”.

Principais mudanças

Ao elevar o status da economia chinesa de transição para de mercado, o Brasil abre mão de diversos artifícios de defesa contra possíveis práticas desleais do comércio chinês, bastante controlado pelo Estado.

Os países considerados em transição são muito mais vulneráveis a barreiras antidumping, restrições à importação, do que os considerados economias de mercado, que exigem mais provas do dumping – quando o produto é vendido no exterior a um preço inferior ao do mercado interno – e seguem as regras impostas pela OMC.

Silber defende uma política de Cota Mínima, em que o Brasil estipularia um preço mínimo aos produtos vendidos no país e o uso dos diversos entraves já existentes para conter uma possível prática desleal da China.

A principal crítica feita por Silber não é formato do acordo e sim a forma como ele foi estipulado. “Aceitamos a exigência chinesa muito cedo, a negociação é bastante recente e poderia ter se estendido um pouco mais”, comentou. “Deveria ter mais participação dos empresários e mais debate na sociedade”, completou.