O bom momento da economia brasileira antes da crise e as ações rápidas do governo para solucionar os problemas gerados por ela foram os fatores que promoveram a saída sustentada do Brasil do momento econômico ruim para o mundo.
Esses foram os argumentos reafirmados pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em palestra para empresários do setor automotivo em congresso da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em Brasília.
O presidente do BC comparou a atitude da equipe econômica do governo com o socorro a um paciente que está tendo um ataque cardíaco. “A crise bancária tem características de um ataque do coração.
Ela tem movimentos rápidos, com efeitos duradouros, e precisa de uma ação rápida, que atue nas causas”, afirmou Meirelles. Segundo ele, o governo usou um “desfibrilador” para salvar a economia do país, reduzindo o depósito compulsório em quase RS 100 bilhões e injetando mais de R$ 40 bilhões nas instituições financeiras de pequeno e médio portes.
A injeção de liquidez em moeda estrangeira também garantiu a manutenção das exportações, de acordo com ele. A baixa taxa de juros e o alto consumo das famílias permitiram que a indústria pudesse voltar aos níveis de produção e o crédito fosse reativado em taxas equivalentes ou maiores que as do período pré-crise.
O nível de desemprego, segundo Meirelles, está abaixo de setembro do ano passado, mês que antecedeu a quebra na economia mundial.
Com isso o País está preparado para retomar o crescimento e não deve passar pelos problemas do passado quando saía de uma crise, de acordo com ele. “Antes, os investimentos eram baixos e quando o País ia sair de uma crise não estava preparado. Aí vinha a inflação e todos aqueles problemas”, afirmou.
Sobre o futuro da taxa Selic, Meirelles não adiantou detalhes, disse apenas que a tendência é de queda. “Não sei se vai subir ou cair. Ela será adequada para a estabilidade monetária do Brasil. O fato é que existe uma tendência de queda”, afirmou.
Na última semana, ao comentar os bons resultados da economia brasileira, que cresceu 1,9% no segundo trimestre do ano, Meirelles advertiu que o momento é de cautela e não se pode “baixar a guarda”. A projeção de crescimento do Banco Central para este ano deve sair no fim de setembro com o Relatório de Inflação.