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Brasil pode ganhar mercado dos EUA e Argentina no milho

De janeiro a abril, o Brasil exportou 1,87 milhão de toneladas, 10% a mais que no mesmo período do ano passado.

Redação (14/05/2008)- Os Estados Unidos e a Argentina podem ceder espaço para o Brasil nas exportações de milho. Por um lado, os americanos reduziram as estimativas de vendas externas do cereal em 10 milhões de toneladas para a safra 2008/09 – que começa a ser colhida em setembro -, enquanto os vizinhos do Mercosul impõem restrições aos embarques. Com isso, as estimativas iniciais de embarques brasileiros de 10 milhões de toneladas poderão ser superadas – mas que dependem também do tamanho da segunda safra do grão. A previsão da Safras & Mercados é que entre 5 milhões a 6 milhões de toneladas dos Estados Unidos venham para o Brasil – parte neste ano-comercial e o restante no próximo.

"O mercado já está antecipando isso", avalia Fernando Muraro, diretor da AGRural. Segundo ele, os volumes embarcados pelo Brasil neste ano refletem esta mudança. De janeiro a abril, o Brasil exportou 1,87 milhão de toneladas, 10% a mais que no mesmo período do ano passado. Para Muraro, se a safrinha de milho se confirmar em 18 milhões de toneladas, o País poderá embarcar 12 milhões de toneladas neste ano.

De acordo com o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, uma parte das 10 milhões de toneladas que os Estados Unidos deixarão de exportar será em função de demanda menor, por aumento de oferta de países compradores e outra, deve ser incorporada pela América do Sul, sobretudo pelo Brasil. Molinari diz que até agora, o País tem negociado 3 milhões de toneladas, com potencial inicial de 11 milhões de toneladas. O analista diz ainda que a Argentina dispõe de 14 milhões de toneladas para 2008 e já tem 10,9 milhões de toneladas registradas para a exportação, mas que há a estimativa que o país vizinho volte a bloquear seus embarques. "Se isso acontecer, o Brasil fica sozinho no segundo semestre no mercado mundial", avalia. Apesar disso, ele não acredita que o País volte a ter os prêmio pagos no ano passado que variaram de US$ 50 a US$ 100 a tonelada a mais que o valor praticado pelo grão dos Estados Unidos.

A Céleres ainda não reviu os números de exportação do País para a safra atual, mas está projetando entre 1 milhão a 3 milhões de toneladas mais no ano que vem (13 a 15 milhões de toneladas), de olho na abertura de novos mercados. Para o sócio da empresa, Leonardo Sologuren, o volume reduzido pelos Estados Unidos será pulverizado entre diversos mercados fornecedores, entre eles o Brasil, a Argentina e a África do Sul. Na sua avaliação, um ganho maior de mercado ainda depende de aumento de produção brasileira.

Sologuren lembra que as 63 milhões de toneladas que os Estados Unidos exportaram na safra 2007/08 foram influenciadas pela desvalorização do dólar – no ano anterior o volume tinha sido o mesmo projetado para a temporada 2008/09 (53 milhões de toneladas). Fábio Turquino Barros, da AgraFNP, também credita o aumento nas vendas americanas ao dólar. Na sua avaliação, apenas quando aquele país embarcar menos de 50 milhões de toneladas é que o Brasil poderá ganhar uma fatia do mercado americano.

Barros diz que, nesta safra, o País pode aumentar suas vendas além das estimativas iniciais se a China precisar ter de importar 4 milhões de toneladas. Para o analista Adriano Vendeth de Carvalho, da SoloBrazil, os embarques brasileiros podem ser mais influenciados pelas restrições argentinas que pela redução dos Estados Unidos. "A demanda por milho aumentou muito em todo o mundo", afirma.